RE-INVENTANDO IDENTIDADES: experiências camponesas em sítios, terreiros e quintais da Amazônia.
Quintais, Terreiros, Sítios, Ribeirinhos, Belém-PA.
Diante da crise civilizatória que passa o mundo ocidental, com dramáticos desequilíbrios climáticos, sociais, econômicos, culturais e éticos, que ameaçam a vida humana sobre a face terrestre, a busca por alternativas ao modelo de modernidade que se encontra hegemônico é fundamental para a manutenção da vida, sobretudo a humana na terra. É nesse sentido que povos e comunidades tradicionais tem levantado propostas que visam outras práxis baseadas nas experiências milenares de cooevolução de tais povos e comunidades tradicionais com os ecossistemas naturais. A perspectiva do “Bien Vivir” ou Bem Viver compreende-se como uma dessas propostas para a construção de uma sociedade mais resiliente, sobretudo nos ecossistemas amazônicos. Dos vários sistemas agroflorestais reproduzidos milenarmente na Amazônia, chamou-nos a atenção os chamados sistemas agroflorestais praticados em sítios, terreiros e quintais, em particular por se apresentarem como elementos do cotidiano e da vida doméstica das famílias, compondo bases de territorialidades. Pois, tem sido bastante elevada a procura por propostas de produção alimentar e do sustento das famílias que preservem a diversidade das florestas e que evitem o desmatamento. Loureiro (1992) quando discutiu o sistema Roça-Mata-Quintal revela que o processo de cercamento de terras e da degradação ambiental promovidas por grandes projetos na Amazônia, precarizou a condição de vida do camponês, forçando-o a migrar ou mudar de atividades, atingindo assim os sistemas agrícolas tradicionais. Este estudo tem como objetivo analisar experiências de reprodução da vida camponesa em sítios, terreiros e quintais, frente as dinâmicas territoriais entre campo e cidades. O estudo de abordagem qualitativa de tipo etnográfico, partiu da História de vida de sujeitos/agentes que desenvolvem atividades em sítios, terreiros e quintais no município de Belém.