A REPRESENTAÇÃO DO PODER SOBERANO EM ILHA DA IRA DE JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO
Ilha da Ira; Poder Soberano; Violência.
Nesta dissertação, após observarmos que a produção literária produzida na Amazônia, assim como os autores da região, são pouco revisitados e representativos no que se refere aos estudos literários contemporâneos da representação da ditadura militar na Amazônia de 1964. Nesse contexto, selecionamos a narrativa teatral Ilha da Ira (1976), do poeta e dramaturgo paraense João de Jesus Paes Loureiro, com objetivo de apontar dentro da obra o conceito violência proposta pelo filósofo italiano Giorgio Agamben (2002). Procuraremos analisar nas cenas que envolvem a narrativa, o comportamento dos personagens que levam a relações conflituosas existentes na narrativa. Ilha da Ira é composta por 17 (dezessete) cenas e constrói um universo amplo de referências que dialogam entre si e intertextualiza com elementos mítico-lendários da Amazônia, o imaginário proveniente da literatura clássica e referências históricas como a ditadura militar de 64 e o levante da cabanagem. No que concerne os procedimentos metodológicos, realizamos uma pesquisa de cunho bibliográfico para compor conceitos da categoria violência e relações de poder para melhor delimitar o problema que elegemos. A escolha por esse tema se fez por acreditarmos que em tempos de extrema violência e aniquilamento da vida, a tarefa de rememorar e o acesso à arte é parte do processo de reconhecimento dos lugares sociais em tempos diversos àquele em que nos encontramos, pois para melhor compreendermos nossa contemporaneidade precisamos voltar o olhar para os outros tempos e outras experiências, que proporciona um pensar mais crítico, liberto e reflexivo, nas palavras de Paulo Freire.