Mediação de conflitos: tecendo trilhas teóricas entre conflito e violência escolar, escriturando potencialidades. Abaetetuba. 2021
Violência e conflito escolar, mediação de conflitos; cultura escolar.
Tendo como fio condutor a mediação de conflitos em sua relação com a escola, a dissertação tece um percurso teórico que perpassa categorias diversas de análises, entre elas violência e conflito, levando a concluir potencialmente pela sistematização da mediação em sua aplicabilidade prática no espaço escolar. Visa contribuir com a perspectiva da mediação de conflitos, como uma aposta de uma distinta prática pedagógica e educacional, que pode ajudar no tratamento de conflitos e mitigação da violência nos espaços escolares. Contrapondo-se a utilização de métodos repressores, autoritários e punitivos no espaço escolar, apega-se a um paradigma diferenciado na abordagem e gestão no tratamento social dos conflitos. Apoia-se em princípios da cultura de paz, do emponderamento e da dialogação entre os seres humanos. Detendo um caráter democrático, pedagógico e preventivo, valores que caminham pela reafirmação dos direitos humanos, torna-se uma experiência emancipatória do agir comunicacional em sociedade, com o amadurecimento da própria cidadania. Para tanto, o presente trabalho utiliza-se o método hipotético dedutivo enquanto metodologia de abordagem, desenvolvendo-se sobre preposições que se acreditam viáveis e exequíveis em solo amazônico do Baixo Tocantins. Atinente às técnicas, integra a pesquisa bibliográfica. A análise é subsidiada, bibliograficamente, pelas fundamentações teóricas e contribuições centrais dos seguintes autores visitados: quanto às práticas restaurativas, incluindo a mediação de conflitos, de Antônio Ozório Nunes (2019), Malvina Ester Muszkat (2008), Marcelo Rezende Guimarães (2005), Carlos Eduardo de Vasconcelos (2008). Quanto ao conflito e à violência, incluindo o âmbito escolar, traz os subsídios teóricos de Álvaro Chrispino (2002, 2007), Miriam Abramovay (2003, 2019), Nilia Viscardi (1999), Bernard Charlot (2002). Quanto à pós-modernidade, para situar a escola na atualidade, discorre sob a luz do pensador Zygmunt Bauman (1999, 2001). Com suporte no pensamento de Paulo Freire (1986) adentra a perspectiva da ação dialógica, presente na mediação de conflitos, com apoio subsidiário de outros autores. Numa perspectiva de abordagem interdisciplinar, diante da complexidade da sociedade líquida ou pós-moderna, dos fenômenos e categorias em análise: conflito, violência, diálogo e mediação de conflitos – detentores de raízes sociais, históricas e subjetivas –, propõe-se dialogar com a Pedagogia, o Direito, a Sociologia, a Filosofia e outros conhecimentos, destacando a dimensionalidade de um olhar interdisciplinar. A partir das discussões apresentadas, por meio de referenciais teóricos, em nível conclusivo, se buscará apontar as práticas restaurativas, especialmente a mediação de conflitos, como um método alternativo de fomento a uma cultura de pacificação social, possuidora de uma finalidade emancipadora, transformadora e libertadora. O termo desse percurso é tecido como uma possibilidade que rompe com um velho arquétipo de castigo e autoritarismo, superando a lógica binária e dicotômica, transmudando os espaços escolares de burocráticos em potenciais espaços democráticos.