SABERES DA EXPERIÊNCIA DO TRABALHO E GESTÃO DE PROCESSOS FORMATIVOS INTEGRADORES/FRAGMENTADORES EM ESCOLA RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA
Saberes da experiência do trabalho; integração; prática educativa; sociometabolismo seres humanos-outros elementos da natureza.
No presente trabalho, analisamos os saberes da experiência do trabalho relacionados ao sociometabolismo seres humanos-outros elementos da natureza, a partir das relações de trabalho de homens e mulheres da comunidade ribeirinha do rio Jacaré Xingu, município de Cametá, nordeste paraense, problematizando possíveis perspectivas de integração/fragmentação desses saberes na gestão das práticas educativas realizadas na EMEIF Rio Jacaré Xingu. A fundamentação teórico-metodológica utilizada para desenvolver este estudo foi o materialismo histórico-dialético, considerando relações da contradição capital e trabalho, assim como da ruptura e unidade desse sociometabolismo; também consideramos as mediações das práticas educativas a partir dessas contradições. Metodologicamente, realizamos revisão bibliográfica sobre as categorias integração, saberes de experiência do trabalho, sociometabolismo seres humanos-natureza, práticas educativas, a partir de autores como Araujo e Frigotto (2015), Bachelard (1996), Candau (2016), Castro (2012), Charlot (1996ª; 1996, 2000), Corrêa e Hage (2011), Cruz (2012), Fischer, Cordeiro e Tiriba (2022), Fischer e Franzoi (2015), Fischer e Rodrigues (2022), Freire (1997; 2014), Frigotto (2002; 2005; 2012), Frigotto e Ciavatta (1012), Kuenzer (1986), Magalhães (2018), Rodrigues (2020; 2020), Santomé (1998), Tiriba (2008; 2021), Tiriba e Fischer (2015), dentre outros. Para a obtenção de dados, procedemos à observação das atividades produtivas da comunidade, considerando suas práxis de intercâmbio com outros elementos da natureza e a presença-ausência dessa práxis nas práticas educativas, a partir da relação dialética integração-fragmentação. Além disso, também realizamos entrevista semiestruturada, com base em Miguel (2010), junto a seis sujeitos da comunidade (direção da escola, dois professores, dois moradores e um discente), sobre temáticas como trabalho, experiência, modos de vida, prática educativa, escola básica, economia, meio ambiente. Esses dados das observações, em inter-relação com as entrevistas, foram tratados por meio da análise de conteúdo, conforme Marconi; Lakatos (1996), considerando as unidades de análise (i) práticas educativas que integram-fragmentam e (ii) relações de contradição na relação seres humanos e outros elementos da natureza. Nossos resultados apontam dificuldades de as práticas educativas considerarem os saberes da experiência do trabalho, no tocante às relações de ruptura e/ou unidade do sociometabolismo seres humanos outros elementos da natureza, decorrente de um processo de naturalização e silenciamento em relação aos problemas enfrentados na região sobre as ações do capital em relação ao território, além de uma valorização curricular em prol de conhecimentos escolares sem interface com a realidade de trabalho presente na comunidade ou uma valorização maior do experienciado-vivido, sem relação, contudo, com conhecimentos escolares. Assim, numa perspectiva dialética, há evidências de práticas educativas entre a integração e a não integração – ou fragmentação –, dado que a escola considera alguns elementos do modo de produção da existência da comunidade, decorrentes da relação seres humanos-outros elementos da natureza, em ações educativas, com necessidade, entretanto, de maior integração com conhecimentos escolares, no sentido de uma relação que permita ampliação do experienciado-vivido, em moldes thompsianos.