As narrativas das crianças sobre as relações estabelecidas com os espaços da Educação Infantil em uma Unidade Pedagógica da Rede Municipal de Belém
Espaços da Educação Infantil; Narrativas Infantis; Sociologia da Infância; Currículo
Esta pesquisa foi desenvolvida no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica (PPEB/UFPA). Tem como tema “o que narram as crianças sobre os espaços escolares”. O objeto de investigação refere-se as relações das crianças com os espaços de uma Unidade Pedagógica de Educação Infantil a partir de suas narrativas. A pesquisa se desenvolveu visando responder a seguinte questão central: O que revelam as narrativas das crianças de uma Unidade Pedagógica de Educação Infantil em Belém sobre as relações que estabelecem no e com os diferentes espaços da instituição onde estudam? Este problema se desdobrou nas seguintes questões norteadoras do estudo: O que narram as crianças da Unidade Pedagógica sobre suas vivências nos diferentes espaços dessa instituição? E que sentidos as crianças atribuem aos diferentes espaços que constituem a Unidade Pedagógica? Diante das questões explicitadas o objetivo geral consistiu em: Analisar o que revelam as narrativas das crianças de uma Unidade Pedagógica de Educação Infantil em Belém sobre as relações que estabelecem no e com os diferentes espaços da instituição onde estudam. De forma mais específica o trabalho objetivou: identificar, a partir das narrativas, as vivências que as crianças possuem dos diferentes espaços e compreender os sentidos que as crianças atribuem a esses espaços. A pesquisa é qualitativa, do tipo etnográfica. O processo de escuta das narrativas infantis se deu através de uma roda de conversa, aula-passeio, desenho além de, observação participante em uma Unidade Pedagógica do Município de Belém, onde colaboraram com a pesquisa uma turma do Jardim II composta por 25 crianças. Os dados foram analisados através da técnica de análise de conteúdo e triangulados com base nos seguintes autores Corsaro (2011), Sarmento (2003); (2004), Horn (2004), Forneiro (1998) e Furlanetto; Passeggi; Biasoli (2020) entre outros. As narrativas infantis trazem três espaços com sentidos definidos que são a sala de aula: espaço do estudar; a quadra: espaço do brincar e a diretoria: espaço da punição/controle. Estes sentidos são atribuídos a partir das vivências que as crianças tem em cada um deles. Assim narram a sala de aula como um espaço-ambiente de ensino-aprendizagem sistemático, onde realizam, através dos objetos presentes nela, suas ressignificações com o objetivo de brincar. A quadra é o espaço do brincar, retratado por uma brincadeira específica que era bola/futebol, mas com regras e tempos definidos pelo adulto-professor. E a diretoria espaço-ambiente onde vão as crianças que não se “comportam”. Perante as regras institucionais, as crianças com suas culturas de pares, realizam ajustes secundários afim de burlá-las, em um movimento ao qual denominamos Rotas de fuga visando correr pelo espaço escolar. Manifestaram ainda, desejos voltados para essa instituição, a maioria ligados ao seu direito de brincar, como ter um parquinho e outros voltados para a melhoria em sua estadia na instituição escolar, como ar condicionado, paredes pintadas com cores alegres e armários. As narrativas infantis demonstram a competência das crianças para falarem de si e do mundo, e como a cultura escolar parece ignorar as características próprias cultura infantil, como o brincar. A escola da infância precisa compreender a cultura infantil e reconhecer as crianças como seres de fala competente visando a construção de uma escola dialógica e que respeite os direitos infantis.