EXPERIÊNCIAS DE UMA CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: sentidos atribuídos à escola
Infância. Experiências infantis. Inclusão
No contexto da inclusão de alunos público-alvo da Educação Especial, muitas são as pesquisas que se propõem a discutir a inclusão escolar com foco nas práticas e nas políticas e, com tal enfoque, assumem como protagonistas desse processo professores, gestores e demais agentes que se apresentam como interlocutores dessa experiência, abnegando responder as questões a partir das manifestações próprias da criança. Ancorada na Sociologia da Infância – ciência que compreende que a criança produz suas próprias culturas, buscou-se discutir a escola no contexto da inclusão, a partir dos sentidos e significados atribuídos pela criança às experiências que ela vivencia. Para tanto, adotou-se como principais referenciais teóricos autores que discutem a criança enquanto sujeito competente e protagonista de sua história, dentre eles: Corsaro (2005, 2009, 2011); James e Prout (1997); Prout (2010); Sarmento (2004, 2005, 2008, 2011, 2013); Sirota (2001), além de outros estudiosos em pesquisas com crianças. Diante disso, delimitou-se como objetivo central desta investigação: compreender os sentidos e os significados atribuídos pela criança às experiências que vivencia nos espaços-tempos da escola regular. Para alcançar os objetivos e responder ao problema de investigação, foi desenvolvida em uma abordagem qualitativa, utilizando instrumentos metodológicos do estudo etnográfico, em uma escola pública da Rede Municipal de Educação de Belém/PA, tendo como sujeito de investigação uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), matriculado na Educação Infantil. No que concerne às técnicas, os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a observação participante e os desenhos comentados e para o registro – o diário de campo. Quanto ao tratamento de dados e à análise, empregou-se como técnica a análise de conteúdo. Como resultado, identificou-se que os significados e os sentidos que a criança atribui às experiências vividas são instituídos, organizados e reelaborados por ela à medida que vive tais experiências nos espaços-tempos da escola regular, engendrando maneiras díspares para relacionar-se afetivamente com seus pares e com a cultura dos adultos, bem como para (re)contruir os tempos escolares (re)fazendo seus percursos no contexto da escola que se propõe inclusiva. Diante disso, sobressai a premência da ausculta da criança com TEA em suas múltiplas e diversificadas formas de expressão para a construção de um ambiente educativo mais congruente as suas necessidades. É essencial reinventar as formas de conceber a escola e suas práticas pedagógicas, rompendo com os modos lineares de pensar a estrutura organizacional dos espaços-tempos escolares e, assim, propiciar novas experiências e outras formas de participação para as crianças com deficiência e outras condições atípicas de desenvolvimento e aprendizagem.