O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DO DISCENTE DO ENSINO FUNDAMENTAL I E A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM: representações docentes
Autonomia. Metodologias Ativas. Educação Básica.
A presente dissertação tem como objetivo investigar, com base em representações docentes, a relação entre a utilização de Metodologias Ativas (MA) e o desenvolvimento da autonomia do discente do Ensino Fundamental I (EF I), com raízes epistemológicas na teoria da Complexidade, e tendo como referência o trabalho desenvolvido na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EAUFPA), instituição escolar pública federal de educação básica da Amazônia. A metodologia adotada foi um estudo de caso descritivo, dividido em duas etapas investigativas: análise documental e pesquisa de campo, através de entrevista semiestruturada, sendo os participantes nove docentes do EF I da EAUFPA. A análise dos dados foi realizada com auxílio do software IRaMuTeQ®. Com os resultados obtidos na segunda etapa, foi possível estabelecer comparações e conexões entre o currículo em ação, através das descrições dos docentes sobre o que vem sendo desenvolvido no ambiente escolar, e o currículo prescrito no Projeto Pedagógico (PP) da Escola, analisado na primeira etapa. A inovação, na EAUFPA, é um dos princípios que orientam seus objetivos, suas finalidades, sua missão e sua concepção pedagógica, conforme denota seu PP. As respostas dos docentes entrevistados sinalizam percepções que indicam esse caráter inovador, participativo e experimental das práticas pedagógicas desenvolvidas na escola, a quebra com as pedagogias tradicionais, a prática e o incentivo ao diálogo, à solidariedade, à aprendizagem individual e coletiva de forma desafiadora, diferenciada, acolhedora, bem como a intencionalidade no desenvolvimento da autonomia dos educandos por meio das ações pedagógicas realizadas. Dentre as inovações destacadas nos relatos, duas remetem às conceituações sobre MA: a utilização de jogos como estratégias de ensino e aprendizagem, e o desenvolvimento de projetos educativos interdisciplinares. A primeira relaciona-se à Aprendizagem Baseada em Jogos (GBL), e a segunda, à Aprendizagem Baseada em Projetos (PJBL). Assim, os resultados evidenciam que os docentes utilizam MA no desenvolvimento das atividades, entretanto, pela falta de aprofundamento teórico-epistemológico no assunto, alguns desconhecem que já trabalham com MA, ficando clara a necessidade de apropriação teórico-prática sobre esta temática. A autonomia, por sua vez, configura-se como elemento central nas falas da maioria dos docentes entrevistados, sendo perceptível que, ao tratar da autonomia do discente, a autonomia do próprio docente emerge nas discussões. Deste modo, a importância da autonomia como processo e finalidade educativa é salientada, na perspectiva mais ampla do desenvolvimento de todo ser humano. Os dados obtidos neste trabalho apontam ainda para o reconhecimento de que as MA se constituem em diferenciais pedagógicos para a promoção da autonomia discente no processo de ensino e aprendizagem, por meio, principalmente, da atuação colaborativa entre pares, das vivências e experimentações na busca de soluções em situações-problema, do desenvolvimento de estratégias cognitivas, capacidade crítica e reflexão sobre as práticas (de docentes e discentes), do estímulo aos processos construtivos de ação-reflexão-ação, que despertam a curiosidade dos educandos diante de fatos e fenômenos, e dos sentimentos de engajamento neles despertados.