ENEIDA, SIMPLESMENTE: insurgências literárias e feministas nos movimentos do escrever/educar.
Eneida; Mulher escritora paraense; Educação; Cartografia; Escola Básica.
Esta pesquisa de mestrado tem como campo de estudo a literatura paraense de autoria feminina, e como recorte a escrita literária de Eneida de Moraes, ou Eneida, simplesmente, como carinhosamente Josebel Fares (2020) a descreve: “Eneida, sem sobrenome. Sem mais nada. Um nome de mulher, uma sensibilidade de mulher, um estilo e o desejo de cantar a vida em movimento”. Tem como objetivos cartografar os movimentos de escrever/educar com a literatura de Eneida na escola básica; experimentar, aproximar, questionar e provocar a literatura paraense de autoria feminina nos espaços formativos; agenciar repertórios literários e sociais na educação básica por meio de oficinas; tecer relações entre estudos feministas e a obra de Eneida, a fim de provocar tensões ao patriarcado e ao cânone literário, explorando elementos transgressivos e feministas presentes na obra de Eneida e suas companheiras. A problemática parte das seguintes questões: que devires a escrita de Eneida é capaz de reverberar na literatura amazônica? Como agenciar a literatura de autoria feminina, especialmente a de Eneida, na escola básica? Que elementos transgressivos e educativos podem-se extrair do estilo literário de Eneida ao encontro de uma educação e uma literatura feminista? Os movimentos teóricos promovem um diálogo entre a escrita de Eneida e autoras feministas como Simone de Beauvoir (1960/1980), Virginia Woolf (1985), bell hooks (2020), Michelle Perrot (2007), Margareth Rago (2013), perpassando as oficinas literárias com estudantes da escola básica nos movimentos de escrever/educar com Eneida, tendo o gênero carta como procedimento da escrita das oficinas. A metodologia da pesquisa se baseia na cartografia rizomática com Deleuze e Guattari (1995) e na cartografia literária com Costa (2022), e envolve as obras de Eneida publicadas recentemente pela pesquisadora de poéticas amazônicas, Josebel Fares, e pelo pesquisador de literatura paraense, Paulo Jorge Nunes, tais como: “Cão da Madrugada”, “Terra Verde: versos amazônicos”, “Aruanda” e “Banho de Cheiro”, com o intuito de potencializar e reverberar a literatura paraense de autoria feminina na educação básica. Os movimentos iniciais da escrita seguem a pesquisa bibliográfica com os estudos feministas e os relacionados à vida e obra da escritora Eneida, assim como faz uso dos materiais produzidos nas oficinas de literatura “Teias Amazônicas” realizadas com estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Abraão Simão Jatene, no município de Cametá - Pará, nos anos de 2023 e 2024, bem como eventos e atividades extensionistas da pesquisa. Com os resultados dessa pesquisa esperamos contribuir para a emergência de cenários literários e educacionais com maior visibilidade à literatura de autoria feminina amazônica, corroborando uma educação feminista que tensione o patriarcalismo literário, tendo, na literatura de Eneida e suas companheiras, um canal aberto para travessias rizomáticas de um escrever/educar sempre em devir.