SABERES ANCESTRAIS: PRÁTICAS DE CURAS COM REMÉDIOS DO MATO ENTRE O POVO ASSURINÍ DO TROCARÁ, NO MUNICÍPIO DE TUCURUÍ, PARÁ
Saberes Tradicionais; Oralidade; Práticas de Curas; Remédios do Mato; Povo Assuriní
O estudo tem como objetivo geral analisar como os Assuriní da Reserva indígena Trocará, no Município de Tucuruí, no Pará, utilizam as plantas com poder curativos ou os “remédios do mato”, como dizem, para curar suas enfermidades, considerando atualmente o acesso a medicina e os medicamentos vindos da indústria farmacêutica com a chegada da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) no seu território, buscando compreender como os saberes dos seus ancestrais estão sendo transmitidos de uma geração para outra. E como objetivos específicos refletir a respeito da relação existente entre a medicina tradicional e a oficial entre essa população indígena, visando verificar de que forma seus conhecimentos tradicionais ainda são utilizados para tratar suas doenças, observando de que formas essas plantas - cascas, raízes, folhas, sementes, banhas e óleos vegetais - com poder curativos são coletadas e manipuladas, na perspectiva de entender como a resistência desses saberes ancestrais vem contribuindo para a valorização identitária desse etnia indígena. Metodologicamente, para execução da pesquisa que está constituindo este trabalho, primeiro foi realizado levantamento bibliográfico e estudo de obras de autores que se ocupam da temática em questão, entre os quais se destaca: PINTO (2010, 2007), RIBEIRO (2020, 2017), NUNES (2014); LE GOFF (1924) e FAUSTO (2006), BRAGANÇA (1996), CHALHOUB (2003), AMADOR (2015), GIL (2008), FERNANDES (2019), SANTOS (2019), LÔBO (2018), NAPOLITANO (2009), PORTELLI (1997), FAUSTO (2006), além de outros, que foram essenciais na constituição das análises que fazem parte deste estudo. Nestas condições, também se desenvolveu pesquisa de campo com observação em lócus e com realização de entrevistas, não só visando refletir como os Assurini fazem uso de plantas com teor curativos para tratar suas doenças, mas também compreender como se relacionam atualmente com esses saberes ancestrais, assim como, coletam, manipulam e utilizam cotidianamente os remédios que fazem. Dados preliminares da pesquisa apontam que os Assurini valorizam suas práticas de curas ancestrais ao utilizarem seus “remédios do mato”, que são retirados da sua reserva em forma de folhas, cascarias, raízes, banhas, óleos e resinas, recursos naturais usados como remédios para tratar suas doenças corpóreos e espirituais, que também utilizam para venda na cidade, cujos lucros garantem subsistência de uma parte dos habitantes da reserva Trocará. No mesmo sentido, se observa que há um universo cosmológico da natureza que se encontra presente nas suas relações sociais e nas principais manifestações culturais e religiosas, contribuindo para a afirmação e valorização da identidade étnica desse grupo indígena, reforçando o combate aos estereótipos e preconceitos em relação às tradições indígenas