A CABANAGEM EM CAMETÁ (1835-1840): OUTROS OLHARES E NOVAS ABORDAGENS NOS DISCURSOS E CONTEÚDOS ESCOLARES
Cabanagem em Cametá; Educação; Imaginário Anti-cabano
O trabalho tem por objetivo analisar a produção e reprodução de textos e imagens relacionados ao tema da Cabanagem nos livros didáticos e paradidáticos, buscando a forma com que esse conteúdo é trabalhado pelos professore nas escolas de Ensino Fundamental da Cametá. Assim como, refletir a respeito das discussões bibliográficas e vertentes teóricas existentes sobre a Cabanagem em Cametá e as atualizações historiográficas já realizadas em que sujeitos cabanos se tornam parte dessa história, problematizando a versão hegemônica construídas pelas elites locais. Para concretizar esses objetivos utiliza-se o apoio teórico-metodológico de autores que discutem o movimento cabano, como: Raiol (1970), Salles (1992), Di Paolo (1990); Ferreira (1999). Assim como, autores cametaenses e memorialistas, como: Barbosa (1998)., Tamer (1998), Mocbel (1985) e Cardoso (2014). Buscando a caracterização dos livros didáticos e dos currículos escolares são usados autores como: Bittencourt (1998;2008) e Saviani (2016). A base teórica para analisar o imaginário cametaense sobre a Cabanagem, que contém o mito da Samaumeira, o título de “Cidade Invicta”, a imagem heroica de padre Prudêncio das Mercês Tavares e o Painel/Monumento “Resistencia à Cabanagem”, são os estudos de Néstor Canclini (2008) e Eric Hobsbawm (1997). Acrescido de documentos oficiais disponibilizados pelo Arquivo Público do Pará e pelo Arquivo da Diocese de Cametá. Dados parciais da pesquisa demonstram que o imaginário anti-cabano construído em Cametá se faz muito presente, mas inúmeras reflexões já contestaram sua existência. E por meio dos livros didáticos pouco é possível ampliar as discussões sobre esse acontecimento, sendo muito importante o papel do professor nessa mediação. Esse imaginário anti-cabano construído pela elite pós-Cabanagem em Cametá, e mantido pelos memorialistas cametaenses, ainda é muito vivo, estando nos trabalhos sobre o tema e em sala de aula, mas muitas críticas e reflexões já foram realizadas a esses símbolos que apresentam somente um lado da história cabana em Cametá. Essa não é uma realidade somente dos monumentos e praças, mais sim dos livros didáticos, que em sua maioria, se concentram em simplificar processos complexos, que pouco ajudam em uma análise mais ampla dos acontecimentos históricos, ainda mais sendo regional e na Amazônia.