MEMÓRIAS DO TRABALHO DOCENTE E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA PRÉ-ESCOLA NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR, MUNICIPIO DE CAMETA-PARÁ
Educação Pré-escolar; Memória; Ditadura Militar; Práticas Pedagógicas.
O presente estudo intitulado “A PRÉ-ESCOLA NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR, MUNICIPIO DE CAMETA-PARÁ: memórias do trabalho docente e pratica pedagógica” trata, a partir de relatos orais de docentes que vivenciaram a pré-escola no contexto da ditadura militar em Cametá, no Pará, das práticas didático-pedagógicas presentes no cotidiano da experiência do pré-escolar no período de 1970 a 1985. Neste contexto, apontamos como problema de pesquisa: Em que medida as ações didático-pedagógicas na Educação Pré-escolar se contrapunham a uma formação voltada para a manutenção da ordem e em que medida as mantinham, tomando o pressuposto de uma formação integral e emancipadora do ser social infantil? Visando responder tal inquietação, objetivamos de modo geral: analisar como docentes cametaenses realizavam suas práticas pedagógicas junto às crianças da pré-escola, no sentido de se compreender analiticamente se estas mantinham ou se contrapunham à ordem, em um contexto marcado por um autoritarismo expressivo dos militares quanto à manutenção da ideologia da segurança nacional, além de se estar em um período da história brasileira pautada na perspectiva desenvolvimentista, para a qual o investimento no capital humano era uma tônica, embora com resultados muito poucos na mudança estrutural da sociedade. De modo específico, consideramos importante: (i) compreender a implantação desta etapa de educação voltada para o público infantil cametaense, visto que, até então, esta educação destinada às crianças menores de sete anos não representava prioridade no contexto nacional durante o período militar que perdurou por volta do ano de 1985; (ii) descrever os espaços de acolhimento nesse período no município de Cametá e as condições que apresentavam para garantir o acontecer do processo ensino aprendizagem, buscando averiguar se as escolas atendiam, no mesmo espaço, crianças advindas de condições sociais distintas; (iii) analisar a relação professor e aluno, no interior de práticas pedagógicas, no sentido de se compreender se essa relação concretizava-se mediante um formalismo institucional ou extrapolava para uma dimensão mais voltada para o campo da afetividade, em um contexto de ditadura. Para tanto, buscou-se apoio teórico metodológico em autores, como: Bosi (1987), Bergson (1990), Contreras (2002), Tardif (2002), Lessard (2005), Sarmento (1997), Rocha (1989), Germano (2005), Silva (1990), dentre outros. Acrescido ao estudo das obras de tais autores, realizou-se a pesquisa de campo, mediante diálogos informais e entrevistas com professores considerando seus espaços de trabalho, além da análise de documentos, tais como a lei 5.692/71, que versava sobre a oferta e o trabalho com a educação da criança nesse período. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que considera o contexto sócio-político-econômico e cultural vivido pelos docentes da educação pré-escolar, pressupondo a descrição dos dados desse contexto, interligando com aspectos mais amplos da história nacional e internacional, dentro da lógica societária. Além disso, pretendemos “[...] compreender o processo mediante o qual as pessoas constroem significados e descrevem em que consistem estes mesmos significados” (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p. 70). Tendo em vista a contemplarmos a presença docente no espaço de 15(quinze) anos, foco temporal de nossa pesquisa, realizamos entrevistas semiestruturada com 07(sete) professores, os quais nos proporcionaram uma maior aproximação com as informações que subsidiaram a construção desta pesquisa e nos permitiram lançar nossas reflexões seguidas de uma análise mais contextualizada sobre o período pesquisado. A pesquisa apresenta como um dos resultados que, diante deste panorama que se tem da pré-escola em Cametá, pode-se empreender que o Estado Militar dispunha o espaço físico, mesmo sendo este não pensado e apropriado para que as crianças da pré-escola estabelecesse relação com o conhecimento formal, viabiliza a remuneração dos professores, porém, não canaliza verba para as demais necessidade que a educação da criança pequena exige, repassando assim tal compromisso e dever para a comunidade o que caracteriza uma condição privatista de educação e, ao mesmo tempo exclui muitas dessas crianças do sistema educacional o que favorece uma elitização da pré-escola no contexto cametaense. O trabalho em questão faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura- PPGEDUC, na Linha de Pesquisa Educação, Cultura e Linguagem, do Campus Universitário do Tocantins/Cametá da UFPA.