ECOS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ: UMA GENEALOGIA DOS FIOS NARRATIVOS NAS COMUNIDADES ALDEIA E MUPI
Cultura indígena; alteridade; memória-esquecimento; pós-colonialismo;
O texto dissertativo apresenta os resultados parciais da pesquisa que tem como objetivo traçar uma análise genealógica dos ecos e silenciamentos da cultura indígena no município de Cametá. O lócus de investigação tem como recorte o que chamaremos de trilha indígena: Aldeia, Cujarió, Pacajá, Cametá-Tapera e Mupi, comunidades que possuem uma forte incidência histórica da presença indígena nas suas constituições. Desse modo, a pesquisa se pauta em três vertentes teóricas, a saber: os estudos genealógicos e pós-coloniais, a alteridade e o processo de memória-esquecimento, as quais repercutem em três movimentos de problematização no tocante aos rastros e ao processo de apagamento da cultura indígena no município, considerando eventos históricos oriundos da pesquisa de campo, tais como: a urbanização, o coronealismo e o surto de cólera de 1855. Os itinerários de investigação traçados na trilha indígena que vai da comunidade da Aldeia ao Mupi, seguem um movimento vivo, sincrônico e diacrônico. A metodologia foi pautada na construção de um ensaio etnográfico baseado no modo indiciário de investigação histórica de Carlo Ginzburg, em busca dos ecos e rastros da presença indígena nessas comunidades em tempo remotos e atuais, além da Genealogia do Sujeito de Michel Foucault. Entre os procedimentos metodológicos, figuram as entrevistas semi-estruturadas que produziram narrativas autobiográficas dos informantes, interligando histórias aparentemente individuais ao material histórico coletivo. Ao perfazer o percurso extensivo na trilha indígena pesquisada, em cada comunidade ouvimos quatro informantes, somando um total de oito participantes na pesquisa até o momento. Todavia, como recorte analítico neste texto de qualificação, selecionamos quatro informantes em duas comunidades, sendo dois em cada: o bairro da Aldeia e a vila do Torrão-Mupi. As análises parciais confluem para um exercício diacrônico e sincrônico da problemática em estudo, indo das cronísticas dos viajantes dos idos da colonização às narrativas orais dos interlocutores nas comunidades pesquisadas na atualidade, estando atenta aos materiais documentais e fontes históricas levantadas ao longo desse itinerário.