DA COMUNIDADE SURDA À COMUNIDADE ESCOLAR: experiências que formam consciência de lutas por direitos na Amazônia Tocantina
Inclusão Escolar. Comunidade Surda. Comunidade Escolar. Luta por direitos. Saberes. Desigualdades sociais. Consciência de Classe.
Esta pesquisa analisa, a partir da materialidade dos saberes sociais da Comunidade Surda, no município de Cametá, nordeste paraense, as experiências que formam consciência de lutas por direitos na Amazônia Tocantina. Pretende responder à indagação de como as/os jovens de Comunidade Surda produzem saberes sociais na experiência com a escola sistematizada, que lhes possibilitam ou não construir mediações de consciência das desigualdades sociais e da luta por direitos. Para tanto, adotamos a pesquisa de abordagem qualitativa, por entendermos a necessidade de compreender e descrever o significados dos processos que os sujeitos constroem, como tratam Bogdan e Bliken (1994) mas percebendo as descrições dos fenômenos de acordo com Karel Kosik (1976) de forma concreta, pois tomamos como base a perspectiva do materialismo histórico dialético e suas principais categorias: contradição, mediação e totalidade, para atingirmos a desconstrução da pseudoconcreticidade. Adotamos a categoria trabalho como princípio educativo, como nuclear da pesquisa, pois conforme Marx e Engels (2009) a medida que homens e mulheres transformam a natureza, transformam a si mesmo, e suprem necessidades que levam a outras necessidades, produzindo assim a história com lutas sociais. Enquanto procedimentos metodológicos, utilizamos para a coleta de dados, conforme Triviños (1987) observações indiretas, anotações de campo, que tem nos permitido fazer os “processos de ensaios” para a escolha dos sujeitos e construção das perguntas das entrevistas semiestruturadas. Neste sentido, para o tratamento dos dados, utilizamos levantamento documental e de literaturas, conduzindo a análise de conteúdo, de acordo com Laurence Bardin (1977). Enquanto referencial teórico nos pautamos em Bezerra (2016), Cavalcante (2016), Engels (2019), Fermínio (2015), Gramsci (1999), Mantoan (2006), Marx (1978; 1996; 2008; 2013), Marx e Engels (2009), Minayo (2001), Oliveira (2003), Oliveira (2015), Silveira (2011), Thompson (1981; 1987; 1998; 2001), dentre outros. A escolha dos sujeitos, se deu de forma intencional, Minayo (2001), pois buscou-se garantir que sejam qualitativos para o estudo. Os sujeitos da pesquisa constituem-se de 4 estudantes surdas/surdos, 4 professores, 1 interprete/tradutor de Libras, 1 servidor de apoio, 1 pedagogo e 1 mãe de aluno. Logo, evidenciou-se algumas hipóteses, tais como: houve um crescimento considerável na matricula da escola investigada apenas por opção da Comunidade Surda; pela escola ser tradicionalmente reconhecida como referência em Educação Pública; ou pela a escola ser um espaço onde os estudantes surdos tem sido acolhidos. O trabalho está estruturado em três capítulos, iniciando com considerações sobre o princípio do trabalho educativo: experiências, saberes, lutas sociais e formação, em seguida abordamos a questões sobre a relação entre comunidade surda e comunidade escolar: a contradição em experiência e por fim analisamos as lutas sociais da comunidade surda: espaços, tempos, instrumentos, que formam consciências.