CASAMENTO HOMOAFETIVO DE INACHA: Uma cartografia das dissidências curupiranhas nas relações de gênero, sexualidade e educação na Amazônia Tocantina.
Casamento Homoafetivo; Gênero e Sexualidade; Educação; Comunidade de Inacha de Cametá -PA. Amazônia.
Esta pesquisa de mestrado transcorre de um estudo acerca das tramas e memórias de um casamento homoafetivo entre dois homens, Inajá e Inajacy (nomes fictícios), ocorrido em 1967 na comunidade quilombola de Inacha, Município de Cametá-PA, na região Amazônica. O lastro da pesquisa ocorreu pelas seguintes produções: memórias; literatura e jornalística. No campo teórico a pesquisa transita pela filosofia da diferença de Deleuze e Guattari (1995) e de Corazza (2002), e por diversos estudos das relações de gênero, sexualidade e educação, com Butler (2003), Miskolci (2012), Foucault (2006), Louro (1997; 2004) e Sena (2020). A metodologia se tece com a cartografia rizomática de Deleuze e Guattari (1995), fontes literárias e documentais. No intuito de provocar movimentos de insurreição dos corpos dissidentes e tensionamentos entre o passado da ditadura cívico-militar e o presente no município de Cametá e Comunidade rural de Inacha. Esta metodologia mapeia as fabulações pulverizantes estilhaçadas entre Cametá-Inacha, instigando a cartografia dos corpos homoafetivos deste trabalho. Esses processos levantaram problemáticas: como tem sido narrada a história do casamento homoafetivo de Inacha pela literatura e sociedade cametaense? Como a Teoria Queer se intersecciona com a perspectiva do deboche curupiranha da Amazônia em questões de gênero, sexualidade e educação? Que reverberações políticas, educacionais, de gênero e sexualidade este estudo impacta na comunidade acadêmica e nas lutas LGBTQIAPN+ na atualidade? Os “consortes de Cametá” – como foram nomeados pelo jornal da época – sofreram retaliações e ataques vindos do poder público de Cametá, principalmente a Inajacy, qual estava trajando o vestido de noiva, logo, este ato performativo desestabilizou as normas de gênero e sexualidade de uma cidade arraigada em valores morais de resquícios da colonização europeia, e que por décadas tenta apagar do imaginário popular aquele ato vanguardista. Assim, esta pesquisa visa cartografar as fabulações e as memórias transcorridas do casamento homoafetivo de Inajá e Inajacy nos anos de chumbo da ditadura cívico-militar, provocando tensionamentos e insurreições de corpos dissidentes nas relações de gênero, sexualidade e educação. A relevância acadêmica e social deste trabalho incide em uma educação de práxis curupiranha que ultrapasse o modelo tradicional de espaços educacionais onde perpetra a violência a corpos dissidentes à heteronormatividade, aposta em uma educação não abjeta às diferenças marginalizadas e invisibilizadas, e abre espaço a uma ‘satanização educacional’ em alusão à “pedagogia infernal” (Corazza, 2002) para transgredir e produzir vidas em multiplicidades.