Intensidade da paixão e do vínculo de pessoas em diferentes períodos do relacionamento
Relacionamentos; Paixão; Escala do Amor; MARQ; Escala do Amor Apaixonado.
A paixão e a formação de relacionamentos amorosos são uma das características marcantes da espécie humana. Acredita-se que formar casais, e permanecer juntos por um determinado período de tempo, garantiu vantagens para os ancestrais hominíneos, e por isso, este comportamento teria sido selecionado e mantido ao longo da evolução. Adicionalmente, sugere-se que, nos primeiros três anos do relacionamento, o casal apresenta mudanças neuro-hormonais específicas, como um alto nível de vinculação e uma intensa paixão pelo parceiro. No entanto, ainda existem lacunas sobre como estas mudanças ocorrem e de que maneira estas acontecem. Dessa forma, no presente estudo investigou-se os níveis de vinculação afetiva e da intensidade da paixão de adultos em um relacionamento, comparando pessoas em relacionamentos recentes, de até 6 meses, com pessoas em relacionamentos entre 12 e 36 meses. No total, participaram 246 pessoas (159 mulheres e 85 homens), com, em média, 25 anos de idade, que afirmaram estar em um tipo de relacionamento amoroso. Os participantes responderam a quatro instrumentos: 1) um questionário socioeconômico; 2) um questionário de relacionamentos, como objetivo de acessar informações gerais sobre o relacionamento amoroso dos participantes; 3) a Escala do Amor do Marriage and Relationships Questionnaire (MARQ), o qual visa mensurar o nível de vínculo emocional na relação; e 4) Escala do Amor Apaixonado (EAA), que foi desenvolvido para mensurar a intensidade da paixão. Verificou-se que os dois grupos alcançaram níveis de vinculação afetiva e de intensidade da paixão bem elevados, porém, o grupo relacionamento recente apresentou uma vinculação afetiva significativamente maior do que o grupo relacionamento longo. Adicionalmente, o teste de correlação identificou que o nível de vinculação afetiva diminui com o tempo do relacionamento. Os resultados corroboram a hipótese de que a paixão e a vinculação afetiva são respostas dinâmicas, selecionadas durante a evolução da espécie, e que dependem fortemente do tempo da relação amorosa, ou tempo em que o indivíduo sente gostar do parceiro.