Comportamento alimentar e imagem corporal em praticantes de Crossfit.
comportamento alimentar, imagem corporal, Crossfit.
Estudos sobre a melhora do físico associado à prática de exercícios e controle alimentar tem sido mais frequente na literatura. No entanto, práticas esportivas excessivas e alterações de comportamento alimentar podem causar impacto negativo na saúde do indivíduo, sendo que a propagação de pressões socioculturais motivadas pelo padrão corporal ideal, no ambiente esportivo, pode levar a atitudes alimentares transtornadas. Portanto, este trabalho teve como objetivo analisar o comportamento e atitudes alimentares em praticantes de crossfit e compará-los entre sexo, estado nutricional, composição corporal e imagem corporal. Estudo transversal realizado com adultos, com pelo menos 3 meses de prática de crossfit. Para a avaliação do estado nutricional e proporção de gordura corporal foram coletados, massa corporal, estatura, circunferência da cintura e dobras cutâneas. Foram aplicados três instrumentos: o Body Shape Questionnaire (BSQ) para avaliar a insatisfação com a forma corporal, o Disordered Eating Attitude Scale (DEAS) para a análise de atitudes alimentares de risco e o questionário desenvolvido pela pesquisadora para análise nutricional e de saúde. Os dados foram submetidos à estatística descritiva, por meio de medidas de tendência central e dispersão, e analítica, por meio de testes qui- quadrado, binomial, teste T para amostras independentes e testes de correlação. O nível de significância estatístico adotado foi de p<0,05. Participaram da pesquisa 70 praticantes com idade média de 28,6±5,6 anos. A pontuação média total das atitudes alimentares (78,5±11,7) mostrou que os praticantes não apresentavam atitudes alimentares disfuncionais e cerca de 20% da amostra apresentou grau leve (14,28%), moderado (4,28%) ou grave (1,42%) de insatisfação corporal. Apesar de apresentarem boas atitudes alimentares, observou-se que os praticantes com maior percentual de gordura corporal apresentaram maior escore em 2 subescalas do DEAS: preocupação com o peso (9,4 ± 3,2; p=0,029) e práticas restritivas e compensatórias (7,5 ± 3,7; p=0,011); além de maior escore geral de atitudes alimentares (83,3 ± 10,6; p=0,006). Já os praticantes insatisfeitos com a imagem corporal foram os que mostraram ter uma pior relação com alimento (p<0,000) e atitudes alimentares mais transtornadas (p<0,000). Os praticantes com maior pontuação no BSQ, foram os do sexo feminino (93,5 ± 29,9; p=0,017), os com excesso de peso (93,5 ± 32,6; p=0,029) e os com maior proporção de gordura corporal (98,4 ± 31,0; p=0,012). O primeiro modelo de regressão linear mostrou que a associação entre a insatisfação com a imagem corporal e uma pior relação com o alimento pode ser aumentada se o praticante for do sexo feminino e tiver maior proporção de gordura corporal. Já o segundo modelo de regressão linear mostrou que a associação entre excesso de peso e insatisfação com a imagem corporal era dependente do percentual de gordura, mas que ser do sexo feminino mantém essa associação independente da proporção de gordura corporal. Ainda que alguns participantes possam ter apresentado atitudes alimentares transtornadas, parece que a maioria deles é esclarecida quanto à alimentação. Concluiu-se, que, de forma geral, apesar das atitudes alimentares desses indivíduos serem pouco transtornadas, e, a pontuação geral não ter ultrapassado a média, tanto no DEAS quanto no BSQ, foi evidenciado que a insatisfação com a imagem corporal pode influenciar no desenvolvimento de atitudes alimentares transtornadas, além de depender fortemente do estado nutricional e da distribuição de gordura corporal.