Fatores associados a adesão à contagem de carboidratos e controle glicêmico em adultos com diabetes mellitus tipo 1 no Brasil
diabetes; adesão ao tratamento; contagem de carboidratos.
Introdução: A Contagem de Carboidratos (CC) é uma estratégia para auxiliar o tratamento de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), sendo reconhecida como um método que proporciona flexibilidade às escolhas alimentares e auxilia no controle glicêmico, entretanto, a falha na adesão a esta estratégia ainda é o principal fator responsável pela redução do desempenho terapêutico com a CC. Objetivo: Analisar os fatores associados a adesão à CC e controle glicêmico em adultos com DM1 no Brasil. Métodos: Tratam-se de dois estudos transversais, descritivos e analíticos, realizados por meio de formulários on-lines, um durante o período de isolamento social e o outro após esse período. O formulário do primeiro estudo coletou dados referentes aos dados sociodemográfico e socioeconômico, aquisição de insumos, hábitos alimentares, CC e distanciamento social. Já o segundo avaliou o conhecimento da CC, dados clínicos e antropométricos, sociodemográfico e socioeconômico, acompanhamento com profissionais de saúde e entendimento dos conceitos da CC. Os formulários foram construídos na plataforma Formulários Google® e divulgados por meio de redes sociais, após a aprovação do projeto no Comitê de Ética e Pesquisa. Para análise estatística, foi utilizado o software Statistical Package for Social Science, versão 24.0. Resultados: O primeiro estudo teve 472 participantes, dos quais 37,71% relataram realizar CC na mesma frequência que antes do distanciamento social. A realização da CC estava associada ao tipo de cidade (p = 0,027), renda familiar (p = 0,000), uso de auxílio financeiro emergencial (p = 0,045), tipo de administração de insulina e monitoramento glicêmico (p < 0,000), e cozinhar mais (p = 0,012). Os participantes que mantiveram ou reduziram o consumo de alimentos ultraprocessados tiveram 0,62 vezes mais chances de aderir a CC (OR 0,626, IC 95%: 0,419–0,935) e os participantes que cozinharam mais tiveram 1,67 vezes mais chances de aderir a CC (OR 1,67, 95% CI: 1,146–2,447). No segundo estudo participaram 173 adultos, dos quais 57,2% apresentavam HbA1c aumentada. Houve associação entre possuir HbA1c adequada e ter o tempo de diagnóstico <10 anos (p=0,006), realizar a CC no almoço (p=0,040) e jantar (p=0,018), utilizar aplicativos específicos (p=0,001) e balança de alimentos para fazer a CC (p=0,001), ter aprendido a fazer a CC com o nutricionista (p=0,037) e saber definir corretamente os conceitos de bolus alimentar (p=0,001), bolus correção (p=0,000) e razão insulina/carboidrato (p<0,000). Os participantes que estavam fazendo a CC tinham 3,273 vezes mais chances de ter a HbA1c adequada e participantes com tempo de diagnóstico <10 anos tinham 2,686 vezes mais chances de ter a HbA1c adequada. Conclusão: Os estudos demonstraram que ter melhores condições financeiras e sociodemográficas e utilizar tecnologias mais avançadas para aplicação de insulina e monitorização glicêmica estava associado a maior adesão à prática da CC, bem como a realização da CC por adultos com DM1 auxiliou na adesão a um estilo de vida saudável durante o período de distanciamento social. Além disso, características da estratégia favoreceram valores adequados de HbA1c nesse público.