RELAÇÃO ENTRE MÉTRICAS FACIAIS E A REJEIÇÃO DE PARCEIRAS PARA RELACIONAMENTO DE LONGO PRAZO INDICADA POR HOMENS HETEROSSEXUAIS
Escolha de Parceiros; Rejeição de Parceiros; Simetria facial; Assimetria facial.
A escolha de parceiros em nossa espécie é estudada conforme a preferência por características físicas e comportamentais, porém é legítimo supor que pressões evolutivas nos levaram tanto a afastar-nos de escolhas inadequadas (rejeitar) quanto preferirmos traços considerados adequados. A simetria facial parece ser uma das características levadas em consideração ao escolher um(a) parceiro(a) romântico, pois indicaria saúde e qualidade genética, importantes para a sobrevivência da espécie. No entanto, as diversas metodologias com as quais se estudou esta variável apresentaram resultados conflitantes: a maioria dos autores acredita que uma face simétrica é preferida, enquanto outros dizem que certo nível de assimetria é considerado mais atraente. Porém não foi encontrado na literatura qual valor objetivo de simetria facial é preferido ou rejeitado em seres humanos e as explicações para estes achados permanecem frágeis. Outras medidas faciais, como distância entre os olhos, distância entre o final do nariz e o queixo, parecem fazer variar a atratividade de um rosto, sendo importante, além da simetria, a harmonia facial, isto é, a disposição dos componentes faciais (olhos, nariz, boca, orelhas, etc.) e as distâncias entre eles. Neste estudo propusemos investigar a rejeição de parceiras para relacionamento de longo prazo por homens heterossexuais (n=63), da cidade de Belém/PA e São Paulo/SP, utilizando oito retratos de rostos femininos naturais (sem alterações gráficas) com diferentes níveis de simetria e harmonia facial, medidos objetivamente, por meio de cálculos matemáticos. Nossa hipótese é que rostos mais assimétricos e desarmônicos serão mais rejeitados. Os retratos foram exibidos em combinação de pares em um software no computador, e a tarefa do participante era indicar com as setas do teclado a fotografia mais rejeitada para um relacionamento de longo prazo a julgar apenas pelo rosto. Após esta tarefa, também foi requisitado que os participantes atribuíssem notas de atratividade para as oito faces. Foi aplicado o caso V de Thurstone sobre os dados de rejeição oriundos da primeira tarefa, a fim de se obter escalas intervalares com valores de rejeição de cada foto, atribuída por participantes de Belém, de São Paulo e dos dois grupos somados. Com o teste de Regressão múltipla, observamos que houve relação significativa somente entre a atratividade e a rejeição nas populações do estudo, evidenciando que quanto menos atraente, mais rejeitada a face era e vice-versa. Nossas hipóteses de relação entre simetria e rejeição e entre harmonia facial e rejeição não foram comprovadas, pois não houve relação significativa entre as variáveis, pelo menos com a faixa de valores de simetria e harmonia estudadas. Acreditamos que é necessário trabalhar com uma faixa maior de assimetria e harmonia para, possivelmente, encontrarmos resultados mais indicativos de rejeição por rostos que podem sinalizar patogenias. A atratividade, por ser composta por vários fatores não controlados aqui, deve ser melhor investigada futuramente.