O INFAMILIAR E A EXPERIÊNCIA QUEER: uma análise psicanalítica do horror diante da diferença em Rocky Horror.
Infamiliar; Horror; Queer.
Essa dissertação teve como objetivo analisar o filme cult transgressivo “The Rocky Horror Picture Show” (1975), dirigido por Jim Sharman, a partir do texto “Das Unheimlich” de Sigmund Freud ([1919] 2019), para refletir as tensões entre o familiar e o perturbadoramente desconhecido, em foco nos debates sobre gênero. Com isso, o trabalho percorreu os elementos fundamentais da ficção fantástica e de horror, apontando as alegorias presentes no cinema de horror para pensarmos as pistas para análise do inconsciente, assim como questões de gênero e sexualidade. Posteriormente, analisou o texto freudiano sobre o infamiliar e sua reação do encontro conflituoso do sujeito com o outro que evoca sentimentos de estranhamento, apresentando elementos da diferença entre os sexos, o horror ao feminino e as dinâmicas de poder e sexualidade. Por fim, analisou detalhadamente o filme em questão realizando as interlocuções teóricas. As respostas encontradas demonstram a angústia diante do outro considerado como monstruoso. Em primeira resposta, considerar o infamiliar como uma categoria política para abrir caminhos para novas formas de experiência para além das categorias humanas convencionais. Na sequência, a monstruosidade do inumano gera uma vacilação na identidade de sujeitos conformados pela matriz heterossexual, expondo os limites das performances de gênero,
assim como a fragilidade do gênero para todos. Conclui-se que é necessário reconhecer o desamparo inerente ao encontro com o infamiliar-abjeto e construir novas formas de vidas e circuitos afetivos que permitam a experiência produtiva da indeterminação. O cinema do horror se mostra um terreno fértil para futuras análises psicanalíticas.