RECEPÇÃO DE FOUCAULT NA PSICOLOGIA SOCIAL BRASILEIRA A PARTIR DA REVISTA PSICOLOGIA & SOCIEDADE (1986-2017)
Psicologia Social; Psicologia & Sociedade; História da Psicologia; Recepção de Foucault; Foucault no Brasil.
A produção do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) vem tendo especial impacto na produção da Psicologia Social no Brasil desde a década de 1980. A partir de uma pesquisa histórica-documental, investigamos a recepção de Foucault neste campo de saber, analisando os usos do autor nas publicações da Revista “Psicologia e Sociedade” (1986-2017). O corpo documental foi composto de 90 artigos que citaram nominalmente o autor. Tivemos como objetivos caracterizar a produção levantada (ano de publicação, distribuição geográfica, vinculações institucionais das autorias, temas e delineamentos dos estudos) e investigar os usos de Foucault realizados (obras citadas, operadores conceituais acionados, temáticas trabalhadas a partir deles, e a associação realizada entre Foucault e outros autores). Foram encontradas citações do filósofo durante todo o recorte temporal estabelecido, sendo a primeira em 1986, e o ano com maior frequência, 2012. Os trabalhos se ligam majoritariamente a Instituições de Ensino Superior Públicas brasileiras, especialmente das regiões Sudeste e Sul (74,4%). Somando-se com as parcerias interinstitucionais com Norte e Nordeste do país (principalmente a partir de 2009), esse número sobe para 85,4%. Dos 90 estudos, 54 foram teóricos, e 36, empíricos. Versaram sobre Reflexões conceituais e epistemológicas, Políticas públicas, Reflexões sobre a psicologia, Subjetivação, Gênero/sexualidade/feminismo, Infância/adolescência/juventude, Arte-Política, e outros. Os tipos de usos de Foucault foram divididos em duas fases. A primeira, de 1986 a 2001, caracteriza-se por uma utilização mais esporádica a partir de um uso exclusivamente teórico, acionando principalmente as noções de poder, arqueologia ou sexualidade, no diálogo com o marxismo, psicanálise ou Análise Institucional, e, sobretudo, para realizar reflexões conceituais, epistemológicas ou sobre a psicologia. Na segunda fase predominam os estudos sobre as políticas públicas, e iniciam-se os usos dos conceitos de biopoder, governamentalidade e genealogia. Surgem constantes utilizações teórico-metodológicas a partir de ensaios e pesquisas documentais com perspectiva genealógica. . Os livros mais citados em ambas as fases são: Microfísica do Poder, História da Sexualidade I e Vigiar e Punir. Destaca-se o aumento considerável da frequência dos usos de Foucault como autor principal e a popularização de trabalhos que acionam conceitos de toda a sua obra.