HOMENS QUE VIVENCIAM VIOLÊNCIA POR PARTE DE SUAS PARCEIRAS ÍNTIMAS: uma abordagem fenomenológico-existencial
Fenomenologia Existencial; Violência entre Parceiros Íntimos; Masculinidades; Enfoque Relacional.
Esta tese objetivou investigar as experiências de homens que afirmam vivenciar ou ter vivenciado violência perpetrada por suas parceiras íntimas. A fenomenologia existencial de Martin Heidegger constituiu a base filosófica desta investigação, o que possibilitou ao pesquisador aproximar-se do mundo vivido dos colaboradores para além dos discursos predominantes nos meios acadêmico e social sobre o tema, construindo-se assim sentidos possíveis acerca das suas vivências. Tomou-se como base o enfoque relacional da Violência entre Parceiros Íntimos (VPI), o qual a considera um problema humano que não está relacionado especificamente ao gênero masculino, sendo necessário relativizar os efeitos do patriarcado sobre a intimidade do casal. A coleta de dados, baseada na metodologia qualitativa, consistiu na realização de um Grupo Reflexivo para Homens que Vivenciam VPI cujos depoimentos foram analisados com o auxílio de um instrumento elaborado pelo Núcleo de Pesquisas Fenomenológicas da Universidade Federal do Pará, o Fluxograma de Análise do Discurso inspirado na Fenomenologia Hermenêutica em Ricoeur. Os temas mais abordados pelo grupo foram as críticas à Lei Maria da Penha, a dominação exercida pela parceira e o relacionamento abusivo. Conclui-se que os homens podem ser vulneráveis à VPI tanto quanto suas parceiras, que tal violência não pode ser compreendida unicamente a partir das questões de gênero e nem ser considerada algo inerente ao gênero masculino e que a inexistência de leis que os amparem agrava sua situação na medida que, além da violência vivida, deparam-se com a falta de amparo legal. Propõe-se a formulação de leis que tratem igualmente ambos os parceiros, a criação de políticas e serviços especializados para o atendimento destes homens e a produção de estudos que os visibilizem nos meios acadêmico e social.