EMPREENDEDOR DE SI E DESAMPARO: UM ESTUDO PSICANALÍTICO SOBRE A SUBJETIVIDADE NEOLIBERAL
Neoliberalismo; psicanálise; desamparo; gozo; perversão.
O capitalismo de consumo forjou na pós-modernidade o indivíduo do gozo, da perversão comum, não estrutural, cujos ideais mudam permanentemente, submetido à ilusão de que o gozo pleno é alcançável. Entregue à sua orfandade e solidão em termos de grandes Sujeitos nos quais ancorar sua história e buscar laço com outros, o indivíduo neoliberal pode optar em retorno a autoridades despóticas, um fascismo voluntário, não imposto, que o aliviaria do desamparo e do abandono com os objetos a que o neoliberalismo o relega. A economia de mercado neoliberal provoca e se fortalece com crises (sanitárias, econômicas, climáticas, depressivas, etc) se apresentando como solução para as mesmas crises que provoca. O campo social é o lugar no qual a política neoliberal estabelece seus princípios, através da produção de indivíduos ‘empreendedores de si’ que se acreditam livres, o neoliberalismo produz e rege as condições de sofrimento contemporâneas, nas quais se destacam os quadros depressivos e melancólicos. Nesta pesquisa teórica, destacamos como o desamparo, afeto político por excelência, produz uma corporeidade social cujo destino político, de alienação e servidão ou emancipação e transformação, depende de nossa posição de recusa ou afirmação dialética à condição ontológica do desamparo, bem como seus efeitos nos
processos de subjetivação.