PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE BELÉM
Práticas Integrativas Complementares. Sistema Único de Saúde.Cuidado em Saúde. Saúde Coletiva. Formação Acadêmica.
O objetivo desta tese foi compreender a forma como as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estão inseridas na organização do trabalho docente e assistencial de professores/as de medicina das universidades públicas da cidade de Belém. Pude participar das PICS como paciente, num quadro grave de Acidente Vascular Cerebral (AVC), por isso parto de uma experiência pessoal para indagar o modelo de saúde vigente e as práticas que desempenhamos na micropolítica do cuidado. A pesquisa nunca é neutra e a implicação está dada em qualquer pesquisa, mesmo que seja negada e se esconda nos métodos e técnicas. Procurei gerir a implicação, colocando minhas sensações em contato com o campo empírico e falseando, no sentido de interrogar com intensidade, os dados apresentados. Ainda que as PICS tenham sido institucionalizadas como política, existe um modelo biomédico que ainda é hegemônico e, de forma geral, a sociedade apela a este modelo quando pensa em cuidado. Neste trabalho, apresento uma visão crítica a este modelo e suas limitações. Como aporte teórico, utilizo autores como Canguilhem (1990), Madel Luz (1992, 1997, 2011, 2012, 2013, 2014, 2019), Merhy (2002, 2009, 2013) e Menéndez (1984, 2005, 2009, 2015), para me acompanhar na reflexão desta perspectiva. Esta tese utilizou a metodologia de análise documental.Os materiais empíricos analisados foram: publicações nas 3 plataformas nacionais de saúde com 32 artigos científicos de Medicina, 28 de Psicologia e 296 de outros profissionais, 343 currículos Lattes dos docentes de medicina na Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Estadual do Pará (UEPA), grades curriculares do curso de medicina em ambas universidades e os resultados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) no quesito específico das PICS. A Psicologia, enquanto área de investigação, entra de forma pontual, pois percebe-se o afastamento do curso de psicologia da temática das PICS. Averiguou-se, nas quatro estratégias de aproximação empírica, que a produção relacionada às PICS, tanto no que se refere à formação, publicação, exercício das práticas na Atenção Básica, ainda é pouco expressiva, perto do potencial terapêutico que possui. Em que pesem as dificuldades apresentadas neste trabalho para introdução das PICS, elas estão crescendo no interior dos serviços e pesquisas nacionais e internacionais apontam para o potencial terapêutico das PICS na saúde da população. A tese reflete, portanto, o compromisso ético e estético com a atenção, traduzido numa política de cuidado que reivindica, da clínica em saúde, um agenciamento com os corpos, com os saberes que existem na cena em que se expressa e com a vida que pede passagem no encontro entre usuários e trabalhadores da saúde.