O conceito psicanalítico de trauma e a releitura do estresse pós-traumático.
trauma; diagnóstico; psicanálise; Tept.
Fundamentada na clínica e nos problemas que ela coloca aos analistas, a
dissertação aborda o conceito psicanalítico de trauma, propondo, a partir deste, uma
releitura do diagnóstico psiquiátrico de estresse pós-traumático. Busca-se investigar se o
tratamento de crises decorrentes de acontecimentos traumáticos baseado no diagnóstico
de Tept, não reduziria a possibilidade de se perguntar pela posição do sujeito diante de
seu sintoma. A pesquisa teórico-clínica que deu origem ao trabalho utilizou como
recurso metodológico dois casos clínicos descritos na literatura psicanalítica, visando
questionar o diagnóstico de Tept e fazer um contraponto entre o conceito de trauma para
a psicanálise e para a psiquiatria. Esta associa o trauma de forma direta à exposição de
situações inesperadas que colocam o sujeito frente a perdas importantes e que acabam
por fim desencadear sintomas. O tema do trauma comparece atualmente em diversas
discussões acadêmicas sobre violência, cada vez mais frequente na sociedade. Há uma
generalização do uso do conceito de trauma na contemporaneidade, o que leva a refletir
sobre sua generalização no diagnóstico médico. É como se o sujeito, tomado por essa
categoria do trauma, fosse relegado ao papel de coadjuvante de sua própria história.
Dessa feita, questões em torno do lugar ocupado por um acontecimento considerado
traumático na vida do sujeito constituíram-se como o principal ponto de interesse da
pesquisa. Dividida em três eixos, essa dissertação faz inicialmente um contraponto entre
os campos psicanalítico e psiquiátrico em torno do trauma, aprofundando em seguida a
discussão teórica desse conceito na psicanálise, particularmente a freudiana. Por último,
toma o conceito de trauma e o relaciona aos casos clínicos, para considerar que o
analista, ao receber sujeitos tomados por forte angústia, que buscam análise movidos
por um “evento traumático” ou um diagnóstico de Tept, deve interrogar a posição do
sujeito frente ao acontecimento. A conclusão do trabalho é de que, diante de um saber
médico dominante, o analista deve sustentar a escuta do sujeito e não o seu diagnóstico.