Mulheres brasileiras performadas como mães medicalizadas e medicalizantes pelo UNICEF.
UNICEF e colonialidades; Mulheres mães; Medicalização; Subjetividades e história; Crianças e Adolescentes.
Esta pesquisa problematiza as práticas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que
performam mulheres brasileiras como mães medicalizadas e medicalizantes de crianças e adolescentes.
As práticas desta agência multilateral têm sistematicamente sido constituídas por dispositivos de
colonialidades dos corpos e subjetividades das mulheres mães nos documentos produzidos, desde a sua
emergência, em 1945, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O UNICEF é criado com o
objetivo de cuidar do que denomina de saúde materno-infantil, após a II Guerra Mundial. Depois, amplia
as suas ações de proteção para a promoção, garantia e defesa das crianças e adolescentes de modo geral, a
partir da década de sessenta, no século XX. Esta tese traz como problema: O UNICEF realiza quais
práticas de colonialidade das mulheres mães e, em que medida, as mesmas operam por processos que as
subjetivam como medicalizadas e medicalizantes? A metodologia utilizada é forjada pela apropriação e
usos de alguns operadores conceituais da Arqueogenealogia e da História Cultural bem como das
Psicologias Feministas e Decoloniais. Foi analisado o documento KIT FAMÍLIA BRASILEIRA
FORTALECIDA (2019) disponível em sua página na internet, em português, com acesso livre. Afirma-se
a tese de que o UNICEF performa os corpos e as subjetividades de mulheres mães como medicalizadas e
medicalizantes, as higienizando e tentando colonizar suas existências por meio de práticas
normalizadoras, no Brasil. Notou-se, ao longo de todo o documento-fonte, a centralidade da maternidade
na vida da mulher e a preocupação com a saúde psicológica e emocional desta somente no pós-parto,
dentro de uma perspectiva medicalizante ao catalogar sintomas possíveis de depressão pós-parto. Bem
como, reforçou-se, a construção social que atrela a capacidade de procriação com a maternagem da
mulher. Ressalta-se que nos relatórios do UNICEF a maternidade e a mulher-mãe são vistas de forma
universal não sendo transversalizadas pelas interseccionalidades de raça, classe, regionalidade. A tese é
original e relevante na medida em que esta agência tem ampla atuação no país e na formação de
trabalhadores(as) sociais.