Um estudo psicodinâmico de usuários atendidos num Centro de Referência em Saúde do Trabalhador em Belém/PA.
Prazer e Sofrimento no Trabalho. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho. Trabalhadores da Saúde. Psicodinâmica do Trabalho.
O novo rearranjo do mundo laboral, que vem sendo desenhado nas últimas décadas, é marcado por fenômenos que modificaram as relações de trabalho, deixando-as mais instáveis, inseguras e precárias, o que reflete diretamente nas formas de manipulação e exploração dos trabalhadores. Tais alterações no trabalho podem trazer sofrimentos e adoecimentos mentais para os indivíduos. Diante desse contexto e partindo do aporte teórico da Psicodinâmica do Trabalho, propõem-se realizar esta pesquisa que visa compreender como o trabalho pode refletir na saúde mental dos profissionais que atuam no âmbito da saúde no município de Belém. Tal demanda partiu da experiência profissional da pesquisadora e de sua implicação com a temática, visto que atua no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Metropolitano I (CEREST/Belém). Estes centros foram criados a partir da estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST para servirem de retaguarda técnica e especializada no Sistema Único de Saúde – SUS e consistem em importantes serviços de entrada das demandas relacionadas à saúde dos trabalhadores. Para o desenvolvimento desse estudo, de caráter tanto quantitativo como qualitativo, serão sujeitos da pesquisa, trabalhadores e trabalhadoras da área da saúde que foram atendidos no CEREST/Belém, entre os anos de 2016 a 2019, e apresentaram alguma queixa referente ao campo da saúde mental, que tenham sido desencadeadas ou agravadas pelas suas vivências no trabalho. A pesquisa será dividida em dois momentos: na primeira etapa buscar-se-á realizar uma análise documental nos bancos de dados e em prontuários dos usuários deste Serviço, atendendo aos critérios acima descritos, a fim de realizar um levantamento das informações e criar um perfil desses profissionais. Na segunda etapa, propõem-se dar continuidade com a coleta de dados através de entrevistas semi-estruturadas com 5 (cinco) participantes que compuseram o perfil criado na primeira etapa. Neste segundo momento, pretende-se aprofundar e ampliar as informações, analisando os fatores presentes nas organizações do trabalho que podem expor os trabalhadores e trabalhadoras a sofrimentos e adoecimentos mentais e aqueles que podem contribuir com a saúde mental dos mesmos. Também será observado a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho e as estratégias defensivas utilizadas pelos trabalhadores.