GESTAÇÃO, PARTO E VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: NARRATIVAS DE MULHERES SOBRE AS PRÁTICAS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NA CIDADE DE BRAGANÇA (PA)
Mulheres/mães. Período gravídico-puerperal. Violência obstétrica Práticas Discursivas. Aborto. Adolescência.
O termo Violência Obstétrica é empregado para designar diferentes formas de
violência durante os cuidados no período gravídico-puerperal, que compreende maus tratos
físicos, psicológicos e verbais, assim como procedimentos desnecessários e danosos ao corpo
da mulher. A literatura indica que a violência obstétrica atinge uma em cada quatro gestantes
atendidas nos serviços de saúde brasileiro. Nesse cenário a presente pesquisa teve por
objetivo estudar as percepções de mulheres, no período de até 40 dias após o último parto,
sobre as práticas de violência obstétricas. Fundamentada pela perspectiva construcionista e os
referenciais teórico- metodológicos das práticas discursivas as ferramentas utilizadas na
pesquisa forma entrevistas semidirigidas e observação participante. Foram entrevistadas seis
mulheres residentes na cidade de Bragança, localizada na região Noroeste do Estado do Pará.
As observações foram sistematicamente registradas no diário de campo; as entrevistas foram
gravadas e depois transcritas integralmente. Para análise das entrevistas produziu-se mapas
dialógicos para cada uma das entrevistas. Em seguida as categorias temáticas identificados nos
mapas permitiram realizar a discussão e análise dos seguintes temas: a) planejamento
reprodutivo: o desejo pela gravidez; b) o pré-natal e o diálogo dos riscos; c) parto: o discurso
médico-soberano; d) a (in)visibilidade da violência obstétrica. Dessa forma observamos que
apesar de nem todas as mulheres que participaram da pesquisa identificarem a violência
obstétrica, nas ações desenvolvidas nos serviços de saúde, ela está muito presente nas
diferentes ações dirigidas a saúde reprodutiva da mulher. Assim identificamos situações
violência no planejamento reprodutivo; no pré-natal quando os desejos das mulheres são
silenciados pelas vozes dos profissionais que ditam o que é melhor para elas, sem ou menos
ouvi-las; no parto tanto nos vaginais quanto nos cirúrgicos; e no pós-parto, quando elas não
recebem nenhuma informação sobre o que ocorreu em seus corpos. Além disso ficou evidente
que as discussões sobre a violência obstétrica permanecem invisíveis nas ações de educação
em saúde no pré-natal, o que favorece a práticas de procedimentos desnecessários e a
soberania do discurso medico sobre seus corpos. Portanto é fundamental que os estudos sobre a violência obstétrica sejam ampliados e que esforços sejam realizados para incluir o combate a esse tipo de violência nas políticas públicas de saúde.