Maternagem, Fenomenologia, Transtorno do Espectro Autista.
Enquanto que a maternidade é tradicionalmente relacionada à gestação de um filho e demarcada pela consanguinidade entre mãe e filho, a maternagem está relacionada ao vínculo afetivo e aos cuidados voltados a esse filho ao longo do seu desenvolvimento. Historicamente, nem sempre a maternagem foi exercida pelas mães e somente com a constituição da família nuclear, surge a função da mãe cuidadora. O desenvolvimento desse novo papel culmina na rápida associação entre mulher, maternidade e maternagem. Diante dos desafios do cuidado de uma criança neuroatípica, como nos casos de diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista – TEA, os pais, sobretudo as mães, se deparam com uma realidade diferente da idealizada, onde a mulher ainda é, muitas vezes, retratada na condição de mãe, como se a lida com os filhos fosse sua maior responsabilidade, um dever vinculado a uma suposta "habilidade inata" para o exercício da maternagem. Diante disto, esta pesquisa de orientação fenomenológica busca identificar como se constitui a maternagem de um grupo de mães de crianças com TEA e compreender os sentidos da maternagem para essas mães. O estudo será realizado em um centro de diagnóstico e tratamento para crianças com transtorno de desenvolvimento neuropsicomotor, dentre eles o TEA, na região metropolitana de Belém. Participarão da pesquisa mães de crianças que tenham sido diagnosticadas com TEA sem comorbidades associadas. A obtenção dos dados se dará pela realização de um grupo focal de Terapia Comunitária Integrativa –TCI, seguido de entrevistas semidirigidas individualizadas que serão gravadas em áudio e posteriormente transcritas. Os dados serão submetidos à análise temática a partir da Teoria da Interpretação do discurso de Ricoeur. Com esta pesquisa espera-se contribuir para a ampliação dos modos de cuidado voltados às mulheres que lidam com as demandas advindas da vivência com crianças que apresentam a condição do TEA.