“PARA INGLÊS VER’’: sobre o casamento infantil em Belém do Pará
Casamento Infantil. Práticas Discursivas. Decolonialidade.
Esta dissertação faz uma análise psicológica sobre o casamento infantil em Belém a partir das práticas discursivas de meninas entre 13 e 17 anos, seguindo as pistas deixadas pelo relatório do Promundo (2015), que destaca o Pará como o primeiro Estado brasileiro com maior ocorrência destas relações. O presente trabalho se atém substancialmente à matéria primordial da Psicologia: a subjetividade. A partir da episteme do construcionismo social, a investigação ousou em apostar na crítica decolonial e sua proposta de giro epistêmico como guia teórico-metodológico insurgente do sentir-pensar na e a América Latina fazendo aproximações destes saberes pela ênfase do uso da linguagem, sua temporalidade e do contexto em que ela é empregada, enlaçando-as. Para isto, foram realizadas oficinas impulsionadoras de rodas de conversas nas quais participaram no total de nove meninas, não necessariamente casadas, moradoras de uma periferia no bairro central de Belém, discorrendo sobre sexualidade, vivencias familiares, afetividades, educação, violência, drogas etc. A análise das práticas discursivas foram baseadas em conceitos decoloniais para se pensar as subjetividades e suas implicações na prática do casamento infantil, sendo possível compreender o entendimento que as meninas possuem em relação à infância, casamento em suas idades, assim como, os desafios e (in)alcances de políticas públicas que, como em um jogo de interesse/desinteresse governamental, percebe-se estar em campo diretamente implicado na ocorrência dessas relações a seguinte premissa: o Estado dá com uma mão o que já retirou com a outra. Para inglês ver, há ações que impedem o casamento infantil, ao mesmo tempo que, alicia através de colonialidades elementos que produzem corpos periféricos para manter a premissa da matriz colonial-imperial de poder, para todo centro: periferia.