A angústia de pacientes oncológicos no final da vida: desamparo, adoecimento e hospitalização
Psicanálise. Hospital. Angústia. Oncologia. Cuidados Paliativos.
A psicanálise tem sido convocada, cada vez mais, a responder demandas institucionais de sujeitos em sofrimento. Desta maneira, o hospital aparece como campo importante de assistência e pesquisa sobre as implicações psíquicas do processo de adoecimento e possíveis repercussões deste na contemporaneidade. Neste contexto, este trabalho constitui-se em um estudo psicanalítico feito sob a perspectiva do complexo cenário da saúde e aborda o tema da oncologia e dos cuidados paliativos no hospital. Possuindo como objetivo geral investigar a manifestação da angústia em pacientes com câncer em estágio avançado que estejam hospitalizados e em cuidados paliativos. Neste sentido, foram realizadas análises a partir dos fragmentos de casos atendidos no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) nos meses de janeiro e fevereiro de 2019. Onde buscou-se uma articulação entre os dados coletados em campo e o referencial teórico proposto pela pesquisa, detendo-se, sobretudo, no referencial psicanalítico de origem freudiana e lacaniana, bem como, autores contemporâneos que abordam a temática privilegiada pela mesma. Todos os pacientes que participaram da pesquisa foram atendidos e acompanhados pela autora principal deste trabalho. Neste contexto, a análise conta com três casos clínicos, tendo como participantes dois pacientes do sexo masculino e uma paciente do sexo feminino, todos maiores de idade. Os atendimentos foram realizados na clínica cirúrgica do hospital, onde existem dois leitos masculinos destinados a pacientes em cuidados paliativos que não necessariamente serão submetidos a procedimentos cirúrgicos. Assim, pode-se dizer que esta pesquisa evidenciou a importância da escuta analítica na clínica oncológica de cuidados paliativos, uma vez que o psicanalista ao exercer o seu ofício, incita à palavra. Conduzindo o sujeito adoecido a buscar significantes a pelo menos uma parte do real que se abrigou em seu corpo. Proporcionando e validando, por meio de sua escuta, voz ao doente, ao adoecer e à sua dor. Neste sentido, a Psicanálise precisa manter-se atual para acompanhar as demandas de sua práxis que se fazem necessárias em outros ambientes que não o consultório da clínica tradicional, já que em campos inexplorados, a prática interroga ainda mais a teoria. E justamente em virtude disso, entende-se que essa pesquisa não esgota as possibilidades de estudos na área, pelo contrário, vem ressaltar a importância de que cada vez mais sejam desenvolvidas pesquisas neste âmbito.