Memórias de uma mulher nipo-brasileira no campo da Educação e da Ciência da Computação: história de uma profissional-docente-pesquisadora e suas (re)existências.
Ciência da Computação, Docência, Subjetividades, Escrita de si, Pesquisa.
Esta tese, integrada à Linha de Pesquisa "Psicologia, Sociedade e Saúde" do Programa de Pós-graduação de Psicologia da Universidade Federal do Pará, traz a minha jornada como pesquisadora e docente e profissional nos campos da Educação e Ciência da Computação. Adotando a História Cultural, a Genealogia de Foucault, a escrita de si, a micro-história, a Histórial Oral e a interseccionalidade que modula e performa da a carreira docente em Ciência da Computação e me produz como subjetividade pesquisadora-educadora e profissional. Por meio de uma tecnologia de si, investigo os desafios enfrentados e resistências inventadas com um olhar particular sobre a subjetividade nipo-brasileira paraense e sua zonas de co-vizinhanças na educação
em Computação. Questiono: quais marcadores de interseccionalidade atravessam e constituem a carreira docente em Ciência da Computação? Que práticas de saber, de poder e subjetivação se materializam nas práticas da escolha docente e de seu exercício na Ciência da Computação? Esta pesquisa visa contribuir significativamente para discussões sobre políticas públicas e práticas educacionais, destacando a importância de uma abordagem femininista de fronteira dos trabalhos de Glória Anzaldúa; dos estudos feministas da Teoria da bolsa de ficção de Ursula K. Le Guin; dos saberes locais de Donna Haraway, ao traçar a cama de gato como dispositivo para seguir a trilha de ficar com o problema e os operadores dos estudos da interseccionalidade a partir de Patrícia Hill Collins. Postula-se que as comunidades científicas operam uma trama que sobrecodifica a política da verdade e a hierarquiza, ao produzir também colonialidades de gênero, corpos, poderes e subjetivações na área tecnológica, especialmente na região amazônica. Destaco que as práticas de sociais na relação com o currículo enquanto um território em disputa e a pesquisa-docência formam um campo de tensão permanente em que os exercícios de poder, subjetivação e produção de saberes operam no fio da navalha para as mulheres na ciência, sobretudo, no caso de uma paraense nipo-brasileira professora de Educação em Ciência da Computação, em uma universidade federal. Afirma-se que há uma construção ativa de subjetividades docentes e a atribuição de uma atitude crítica às práticas de pesquisa na sociedade que precisam ser pensadas em uma constante problematização da formação marcada por assimetrias de gênero e étnico-raciais historicamente. Os resultados evidenciam marcadores de interseccionalidade, além da presença de práticas de saber e poder especificamente ligadas ao sexismo e racismo em relação às mulheres na Ciência da Computação.