“TUDO BEM SER LÉSBICA, MAS NÃO PRECISA MOSTRAR”: uma análise interseccional das experiências do armário entre mulheres lésbicas da Amazônia paraense
Epistemologia do Armário; Homossexualidade Feminina; Interseccionalidade.
RESUMO
Este trabalho está situado nos estudos do “armário”, tendo como articulador teórico-metodológico o conceito de interseccionalidade. Parte-se da proposta analítica de Eve Sedgwick sobre epistemologia do armário enquanto um regime de controle da sexualidade, que toma como norma a heterossexualidade. Em seguida, busca-se ampliar o debate a partir da interlocução com autoras que discutem sobre identidades e sexualidades no contexto latino-americano e brasileiro, como Geni Nuñez, Ochy Curiel e Dedê Fatumma, com foco nos estudos sobre lesbianidades. O objetivo geral deste trabalho é conhecer, a partir de uma análise interseccional, as narrativas de mulheres lésbicas acerca de suas experiências nos armários, buscando problematizar os efeitos da
heteronormatividade em seus processos de subjetivação. Como objetivos específicos, pretende-se: mapear as estratégias de enfrentamento e processos de resistência e reinvenção de si em relação aos controles normativos de sexualidade e gênero; analisar como se dão as demandas de sigilo e exposição da sexualidade nas relações familiares, no ambiente acadêmico/de trabalho, no contexto da saúde e de sociabilidade; compreender os sentidos atribuídos à experiência dos armários em suas experiências de vida, atentando para como os atravessamentos interseccionais produzem afetações e realidades diferentes para cada sujeita; analisar como a participação política em discussões sobre gênero e sexualidade organizadas por coletivos e/ou movimentos
sociais auxiliam no processo da saída do armário e investigar as configurações do armário no contexto da cidade de Castanhal-Pará, a partir da experiência de mulheres lésbicas. Como estratégia metodológica será utilizada a cartografia proposta por Barros, Kastrup e Escóssia. Para acessar as mulheres que participarão da pesquisa, será realizado contato com o grupo feminista de estudo e ação política Zo’é, do qual fazem parte mulheres lésbicas do município de Castanhal –PA, para iniciar a inserção nas atividades realizadas pelo grupo. Como instrumento metodológico será utilizada a entrevista sob uma perspectiva cartográfica. Para realizar a análise das informações produzidas, será adotada a interseccionalidade enquanto ferramenta analítica surgida no movimento feminista negro. Esse estudo será realizado mediante parecer ético favorável pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), assim como termo de autorização do grupo participante.