Incidências do infamiliar nos narradores dos romances “Dois irmãos” e “Órfãos do eldorado”, de Milton Hatoum
Psicanálise. Infamiliar. Literatura. Milton Hatoum. Amazônia
Este trabalho se dá na interface entre psicanálise e literatura, neste caso a obra romanesca de Milton Hatoum, autor manauara reconhecido nacional e internacionalmente. Trazemos como objetivo primário de nossa pesquisa analisar a incidência e como ocorrem as fontes de infamiliaridade colocadas por Freud nos narradores dos romances “Dois irmãos” e “Órfãos do Eldorado”. Com este objetivo almejamos poder responder ao problema que nos causou o desejo de realizar nossa pesquisa, a saber: o infamiliar, conforme Freud, ainda pode ser considerado um importante conceito psicanalítico capaz de nos fornecer uma leitura consistente do mal-estar que assola nossa atualidade? Para tentarmos responder nossa pergunta propomos um trabalho teórico situado na interseção entre psicanálise e literatura, relação marcada por certa tensão causada por sobreposição de saberes e interpretações que, em alguns momentos, não respeitam as especificidades de cada campo do conhecimento. Assim, evitamos a forte tendência que vários estudos psicanalíticos possuem de tentar tamponar, com seu conhecimento teórico, o sentido da obra literária, ou mesmo a costumeira forma de explicar o sentido da obra a partir de dados biográficos do autor, suas fantasias inconscientes, negligenciando o importante fato de que a obra literária tem sua estrutura interna, e antes de mais nada é uma obra de linguagem, sendo aí o lugar de construção dos possíveis sentidos.