DOCÊNCIA E PRODUÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO NA GRANDE BELÉM-PA: MEMÓRIAS DE UMA PROFESSORA DE PSICOLOGIA
Saúde Mental. Docência no Ensino Superior. Memórias de Mulheres. Resistências. Autobiografia.
A saúde mental docente, em geral, tem sido estudada pela via da precarização do trabalho, pelo sofrimento psíquico de um trabalho que é pouco valorizado no Brasil, ou ainda pelas práticas de gestão e educação em saúde. Também é comum visualizar pesquisas a respeito da qualidade de vida na docência e a percepção de docentes sobre a própria saúde e riscos da profissão. Todavia, este trabalho de Mestrado em Psicologia tem como objeto a produção da saúde mental docente por meio das narrativas memoriais de uma professora do Ensino Superior Privado, na Grande Belém-PA, a partir dos processos singulares que esta desenvolve como micropolítica do cuidado integral à saúde, considerada enquanto modo de andar a vida. Em termos de problema de pesquisa, observa-se que entre o trabalho prescrito e o realizado, é possível uma sobrevivência mortificada e reprodutiva despersonalizante em alguns momentos, porém, paradoxalmente, também é possível efetuar o trabalho vivo como criação, no cuidado de si e da cidade. Pergunta- se: quais tecnologias de si e práticas de cuidado em integralidade da saúde mental são produzidas pela docente de Psicologia que é a autora deste estudo de mestrado e decidiu fazer uma pesquisa autobiográfica a respeito das análises de suas memórias que são arquivos pessoais enquanto professora no Ensino Superior Privado, na Grande Belém-PA? Diante da precarização e desvalorização das práticas docentes e das violências de gênero sofridas por mulheres no cotidiano do trabalho, quais ações de resistências na produção da saúde mental são possíveis de serem construídas a partir das narrativas autobiográficas da professora do Ensino Superior Privado que realiza este estudo? Justifica-se esta atividade de pesquisar a produção da saúde mental da docente de forma autobiográfica porque pouco se tem ouvido as vozes de mulheres no seu lugar de fala, além do que, a História Oral, em trabalhos de estudo de caso com autobiografias e biografias podem trazer contribuições relevantes para a Psicologia, a sociedade e a saúde na esfera de análises documentais e com diários de campo que são memórias políticas, culturais e afetivas do exercício de cuidado de si e da cidade como dispositivo de equidade, integralidade, intersetorialidade e co-gestão da educação em saúde experimentada pela própria docente pesquisadora como trabalho vivo, em uma pesquisa-intervenção. Como metodologia, escolhi a História Oral, a autobiografia, a produção do diário de campo, a pesquisa documental e algumas ferramentas da Cartografia e dos estudos da Clínica do Trabalho na Análise Institucional a partir do cuidado de si e da cidade, no eixo metodológico da categoria de integralidade como prática de produção da saúde mental em uma ética da existência da micropolítica do trabalho vivo. Como resultados, é possível afirmar que há resistências no trabalho que configuram o lugar de fala de uma mulher docente e pesquisadora na universidade, produzindo modos de vida que fabricam uma subjetividade em tensão com a precarização da atuação de professora e pesquisadora em contextos de atuação em que o sexismo e a misoginia vigoram em interseccionalidade com a classe e formas de expropriação dos modos de existências amazônicas em termos territoriais e dos corpos.