“Gordura não é coisa de macho”: Reverberações da gordofobia nas masculinidades de homens gordos na região metropolitana de Belém.
Gordofobia; Masculinidades; Sexualidade.
A gordofobia é uma forma de violência interseccional que inflige pessoas gordas, discriminando e hostilizando seus corpos. Se manifesta em diversos contextos socioculturais promovendo a opressão e exclusão social daqueles(as) que são lidos(as) como gordos(as). A gordofobia tem origem no discurso médico que se apropria da gordura e a torna um “grande mal”, ancorando sob a égide da estética e da mídia que passam a distinguir o que é belo, saudável e deve ser valorizado daquilo que é feio e doente e precisa ser extinto, produzindo ódio à gordura e começando uma guerra contra o corpo gordo. Embora a maioria da produção acerca da gordofobia lance foco sobre o gênero feminino, o que é de grande relevância visto que o corpo da mulher já é historicamente hipervigiado e controlado pelo machismo e pelo patriarcado, elenca-se que no Brasil são os homens que estão em sua maioria “obesos”, levanta-se a necessidade de investigar como essa patologização te sido vivenciada por este grupo. Autoras como Piñeiro (2016) e Tovar (2018) expressaram o quanto a gordofobia vivida por homens atravessa uma questão sexista e misógina, uma vez que o ódio dirigido ao corpo gordo masculino se dá para aqueles que se assemelham com características tidas como femininas e questiona sua masculinidade. Neste sentido, este trabalho busca estudar as masculinidades múltiplas sob matriz feminista e tem por objetivo analisar como a gordofobia afeta as masculinidades de homens gordos na região metropolitana de Belém. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa que através de entrevistas semiestruturadas visa produzir informações que possam ser analisadas a partir da análise de conteúdo, a fim de responder as questões de pesquisa e os objetivos propostos. Espera-se que com a construção de conhecimento desta temática se possa colocar em relevo o sofrimento vivenciado por homens mediante a gordofobia e que muita vezes é silenciado, como outras formas de sofrimento masculinas, em nome de manter um status de masculinidade, baseado na hegemonia e no ideal de homem que o machismo e o patriarcado rege que deve ser.