A Borda do Eu: o lugar da voz na constituição do laço mãe-bebê em situação de hospitalização na Neonatologia
voz; laço mãe-bebê; internação; neonatologia.
A clínica com bebês nos traz reflexões sobre como se constitui o laço mãe-bebê. Em nossa cultura existem ideais sobre essa relação que valorizam um discurso a respeito de um investimento materno inato, repleto de amor, em que a mulher vivenciaria a maternidade como uma suposta completude. Essa concepção suscita dificuldades em reconhecermos o mal-estar em que os bebês podem se encontrar, assim como o sofrimento psíquico da mãe. As primeiras trocas entre mãe e bebê são marcadas pela prosódia da voz materna, as quais registram traços e escrevem, no real do corpo do bebê, a letra. Portanto, a articulação entre o real do organismo do bebê e o simbólico se dá pela via do investimento materno. Quando a maternidade é atravessada pelo processo de internação do bebê na neotologia encontramos possíveis entraves para a constituição do laço mãe-bebê, o que nos convoca a pensarmos o uso da voz como dispositivo nesse contexto. Diante desta problemática, o objetivo deste trabalho é analisar o lugar da voz no laço mãe-bebê em situações de internação na Neonatologia. Como objetivos específicos, pretende-se: identificar como a voz materna pode contribuir para o laço mãe-bebê; analisar como o manhês pode exercer a função especular; e analisar a voz como dispositivo na construção de um ambiente holding no processo de hospitalização. A pesquisa a ser realizada utilizará o método psicanalítico e seguirá as premissas apresentadas por Iribarry (2003) sobre os instrumentos utilizados para a coleta de dados e procedimentos necessários para análise do material clínico. Assim, esta pesquisa visa ampliar a produção científica na interface entre psicanálise, Neonatologia e instituições de saúde, assim como, contribuir para a assistência de mulheres que estejam vivenciando a internação na Neontologia.