MEDICALIZAÇÃO NO GOVERNO DAS CONDUTAS A PATIR DA ANALÍTICA DE MICHEL FOUCAULT EM A HISTÓRIA DA LOUCURA
Loucura. Medicalização. Michel Foucault.
Essa dissertação consistiu em analisar a construção da história da medicalização da loucura a partir das práticas de saber, poder e subjetivação que produziram/produzem a figura do louco na sociedade, por meio de práticas discursivas e não discursivas, para então colocar em xeque a expansão dos processos de medicalização e de patologização dos corpos desviantes. É a partir da obra e dos cursos de Michel Foucault enquanto fonte e cerne dessa pesquisa que um enfoque maior foi dado à década de 70, no século XX. Assim, esta reflexão é problematizada por meio dos cursos O poder psiquiátrico (1974) e Os anormais (1975), em um cotejamento histórico genealógico com a obra História da Loucura: na idade clássica (1961), para analisar as descontinuidades históricas nas tentativas de adestramento da loucura (no sentido de captura e enquadramento dos corpos mediante um governo das condutas) até às práticas autoritárias de medicalização da loucura (enraizadas e socialmente aceitas por intermédio dos domínios de saber-poder), em nome da normalização das existências e da racionalização em um sujeito soberano como suposta relação entre sujeito e verdade. É no intuito de acompanhar as descontinuidades que este estudo foi traçado pela arqueogenealogia, cujo a fundamentação e análise dessas transições foram trabalhadas por uma pesquisa bibliográfica e documental perpassou tanto a Filosofia quanto a Psicologia. Desse modo, o objetivo foi investigar o percurso histórico de “adestramento/objetivação da loucura”, como resultado de processos construídos historicamente, por meio de uma esfera da visibilidade pautada em discursos científicos privilegiados, padrões de normalidade e de um saber-poder médico que situou o louco e a loucura em jogos de verdade e de poder. Contudo, a política da loucura tomou para si um poder de definição, tornando a “medicalização da loucura” uma prescrição de várias faces estigmatizadas e etiquetadas dos corpos que, ao fortalecer uma indústria da normalidade e uma cultura medicalizante da vida, pautas em mecanismos de clausuras os mais diversos. Portanto, concluiu-se que a medicalização e patologização da loucura operou por deslocamentos e atualizações do poder psiquiátrico e dos mecanismos médico-psicológicos no governo das condutas, na sociedade.