“A GENTE AINDA SOFRE O PESO DE SER MÃE”: NARRATIVAS DE DISCENTES-MÃES NA PÓS-GRADUAÇÃO
Mulheres; Maternidade; Pós-graduação; Pesquisa.
Este estudo consiste em uma pesquisa qualitativa com o objetivo de investigar como discentes-mães de Programas de Pós-graduação da Universidade Federal do Pará vivenciam a relação entre pesquisa e maternidade, a partir de da escuta de sete mulheres de seis diferentes programas de pós-graduação. As entrevistas foram analisadas com base na técnica de análise de narrativa, resultando na estruturação de três seções de discussão: 1) “É uma grande correria”: sobre a rotina das discentes-mães; 2) “É horrível até de lembrar”: a pandemia foi pior para elas; 3) “A gente ainda sofre o peso de ser mãe”: mulher e carreira científica. As discentes-mães vivenciam uma rotina exaustiva aliando o trabalho materno, o emprego, os afazeres domésticos e os estudos relativos à pós-graduação. A rede de apoio dessas discentes é habitualmente composta por outras mulheres, como suas mães, sogras ou trabalhadora doméstica contratada. As discentes trabalhadoras no serviço público possuem mais facilidade na manutenção da renda familiar e flexibilidade de tempo para se dedicar à pós-graduação. Por todas o valor da bolsa de pesquisa é visto como insuficiente para suprir as necessidades de uma mulher-mãe. Para todas a pandemia tornou a rotina ainda mais cansativa. Em relação aos seus programas de pós-graduação, há descontentamento com o acolhimento institucional ofertado às discentes-mães, relatos de misoginia por parte de professores, sentimento de serem julgadas por colegas da turma. Conclui-se que as interseccionalidades que caracterizam as discentes-mães precisam ser consideradas pelos referidos programas de pós-graduação da UFPa e que urgem ações de enfrentamento de um fazer científico que contém elementos que coadunam com um modelo racista e sexista, a fim de tornar a academia mais acolhedora ao ingresso e permanência das discentes-mães.