A psicanálise historicizada: um estudo teórico a partir da noção de tabu em Theodor Adorno
Psicanálise; Adorno, Theodor; Tabus; Educação; Sexualidade.
Trata-se aqui de uma pesquisa teórica, de tom ensaístico, acerca do tipo de apropriação que Adorno fez da psicanálise, em especial da teoria freudiana, e como esta apropriação reverbera sobre o campo psicanalítico, sobretudo quanto ao fato de que a sua justificação enquanto saber e prática inevitavelmente faz referência a uma teoria da cultura. Para tanto, selecionamos a transcrição de duas conferências proferidas por Adorno na década de 1960: Tabus acerca do magistério e Tabus sexuais e direito hoje e as submetemos, de um lado, à leitura estrutural e, de outro, a uma circunscrição histórica. Enfatizamos nesse recorte o manuseio da categoria do tabu, a qual foi comparada às abordagens freudianas clássicas deste conceito. Vimos, por meio deste recorte, como a categoria selecionada suscita consigo várias outras noções e problemáticas que remetem à psicanálise, e que a apropriação crítica de Adorno implica ricas contribuições não apenas ao campo da teoria social, mas também à teoria psicanalítica. Sob a ótica do frankfurtiano, a psicanálise precisa ser conjugada com uma outra teoria social, no caso, marxista-hegeliana, e extrai grande parte da sua potência crítica e compreensiva da função que exerce enquanto uma espécie de antropologia da cultura subjetiva. Ela pode ser tomada simultaneamente como instrumento de análise e como objeto cultural a ser criticado segundo a objetividade do tempo que reflete em si. Ademais, chamamos a atenção para o papel assumido pela psicanálise em termos de instrumento de intervenção na obra falada de Adorno, onde se delineiam mais nitidamente alguns elementos da sua proposta de emancipação pautada em uma educação revolucionária, que precisa ir, porém, além do esclarecimento meramente intelectual, possibilitando também uma transformação no nível das sensibilidades.