Narrativas da invisibilidade: Um estudo psicanalítico sobre as reatualizações contemporâneas do sofrimento psíquico feminino
Feminilidade. Psicanálise. Violência de gênero. Narrativa. Invisibilidade.
Este trabalho busca trazer reflexões acerca dos caminhos abertos singularmente para a construção da feminilidade, articulados ao teor de profunda invisibilidade presente nos processos contemporâneos de violência de gênero, e para tanto utilizando-se do aporte teórico da psicanálise em diálogo com as teorias de gênero, como alternativa para que se destaque a positividade da diferença entre estes campos do saber. Apresenta-se uma breve introdução ao estatuto da feminilidade para a psicanálise e algumas perspectivas contemporâneas sobre esta temática, alcançando o embate entre a psicanálise e as teorias de gênero, nomeadamente a teoria da filósofa americana Judith Butler, para se pensar nas interlocuções possíveis entre as duas linguagens. A abordagem desta problematização foi realizada a partir de uma composição metodológica composta pela apresentação da narrativa do atendimento clínico de uma jovem mulher nomeada como Cléo, ocorrido no âmbito institucional da atenção básica em saúde aos moldes da escuta psicanalítica, narrativa esta conduzida por meio da ferramenta do usuário-guia como bússola para a reflexão. Aliado a este elemento de análise, apresenta-se a trajetória da personagem título do romance “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, da escritora brasileira Martha Batalha, como ponto de ancoragem para as considerações traçadas sobre o sofrimento psíquico feminino como consequência da violência de gênero e de sua invisibilidade. Diante dos elementos analisados, com vistas à construção singular da feminilidade enquanto possibilidade subjetiva própria ao sujeito, encontra-se saídas pela via de uma narrativa da diferença