Sexualidades Dissidentes e rede de atendimento em Belém: alcances, ausências e possibilidades
dissidentes sexuais, rede de atendimento, políticas públicas.
A heteronormatividade é o saber hegemônico que essencializa as relações heterossexuais e dissemina discursos que naturalizam as performatividades de gênero, pautados na lógica biologizante, dicotomizada e divina do sexo, estabelecendo relações de poder nas quais a única inteligibilidade possível é aquela definida pela matriz heterossexual, atribuindo discursos depreciativos e higienizantes às pessoas que não se encaixam nessa lógica heterossexista e expressam suas dissidências sexuais subvertendo as pressões da heterossexualidade compulsória. Dessa maneira, as chamadas sexualidades dissidentes são, na maioria das sociedades, consideradas um desvio do dito “normal” e/ou padrão, sem possibilidade de se encaixar na inteligibilidade heteronormativa. Logo, é imprescindível que existam estratégias governamentais de enfrentamento à LGBTfobia e de garantias de direitos das pessoas LGBT; focadas nas atitudes de prevenção, atendimento, acolhimento, acompanhamento e encaminhamento necessários. Com isso, essa pesquisa objetivou mapear, através do método cartográfico, a rede de atenção a pessoas LGBT na cidade de Belém, de forma a verificar que equipamento se destaca como central nessa rede de atendimento e analisar as práticas discursivas dos profissionais que atuam nesse equipamento no que tange ao atendimento ofertado. A pesquisa envolveu duas ONG’s e quatro equipamentos públicos de atendimento. Pôde-se verificar o quanto a rede de atendimento a pessoa dissidentes sexuais em Belém é restrita e discutir os fatores associados a esses limites. Foi presente também a noção de instabilidade das políticas públicas haja vista o momento político de retrocesso de direitos e de propagação do conservadorismo.