A PRODUÇÃO AMBIENTAL DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM DOIS MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO SUDESTE PARAENSE
Leishmaniose Tegumentar Americana, Análise Espacial, Meio Ambiente.
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma antropozoonoze considerada um grave problema de saúde pública, que apresenta distribuição em todo território nacional. No estado do Pará, na mesorregião sudeste, a LTA possui grande relevância epidemiológica por sua endemicidade pois seus municípios apresentam características socioeconômicas e ambientais, que condicionam o estabelecimento da doença. Este estudo objetivou analisar a produção ambiental da LTA nos municípios de Tucuruí e São Félix do Xingu, no estado do Pará, no período de 2012 a 2016. Os dados epidemiológicos foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Secretária de Saúde Pública do Pará. Os dados cartográficos, demográficos, das unidades de conservação e de terras indígenas foram levantados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados ambientais sobre desmatamento e uso e cobertura da terra foram obtidos do Programa de Desflorestamento da Amazônia e no projeto TerraClass, respectivamente. Os municípios de Tucuruí e São Félix do Xingu tiveram 286 e 183 casos confirmados. Os indivíduos mais acometidos em ambos municípios foram sexo masculino, adultos, pardos, baixo nível de escolaridade e moradores da zona urbana em Tucuruí e rural em São Félix do Xingu. A análise espacial mostrou diferentes níveis de desmatamento em Tucuruí e do uso e cobertura da terra e São Félix do Xingu, com uma distribuição não homogênea dos casos, que formaram aglomerados nos municípios. A LTA é um grande e complexo problema de saúde pública em Tucuruí e São Félix do Xingu, relacionado à fatores de riscos ambientais observados, que foram condicionados pela insuficiência de políticas públicas nos municípios. Ressaltamos a necessidade de ampliação das ações de vigilância epidemiológica e ambiental da doença, em ambos os municípios.