SOBREVIDA, MORTALIDADE E PREDITORES DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES E SUAS COMPLICAÇÕES RENAIS: ESTUDO RETROSPECTIVO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Infarto do Miocárdio, Infarto do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST, Insuficiência Cardíaca, Síndrome Cardiorrenal, Epidemiologia
Objetivo: Avaliar a sobrevida, preditores e mortalidade em indivíduos com Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Seguimento ST (IAMCSST) e Síndrome Cardiorrenal Tipo 1 (SCR1) de acordo com fatores sociodemográficos e clínicos na Amazônia Oriental. Método: Este é um estudo observacional, retrospectivo, de caso controle, com análises descritivas e inferenciais. Foram avaliadas duas populações de pacientes com IAMCSST (n = 683) e com Insufucuência Cardíaca Aguda (ICA) (n = 183) com idade> 18 anos internados no período de janeiro de 2017 a maio de 2021 em um hospital público referência em nefrologia e cardiologia. Os pacientes foram categorizados em dois grupos, na população com IAMCSST: os que sobreviveram (n = 646) e os que foram a óbito (n = 37); na população com ICA os com SCR1(n = 72) e os sem SCR1 (n = 111). Resultados: Os pacientes com IAMCSST que tiveram maior chance de mortalidade foram frequentemente os mais velhos (G1: 61,58 ± 10,74 anos; G2: 69,57 ± 9,02 anos; t = -4,492; P = 0,001), com classificações Killip III-IV (OR = 0,13; IC 95% = 0,02–0,71; P = 0,03) e com doenças como insuficiência cardíaca (OR = 0,07; IC 95% = 0,004–1,50; P = 0,168) ou insuficiência renal (OR = 0,03; IC 95% = 0,006– 0,16; P = 0,0001). Além disso, sexo feminino (taxa de risco = 2.073; IC 95% = 1.413–5.170), classificações Killip III-IV (taxa de risco = 4.041; IC 95% = 1.703–18.883) e a presença de insuficiência cardíaca (taxa de risco = 34,10; IC 95% = 4,41–263,68) ou insuficiência renal (hazard ratio = 14,27; IC 95% = 3,27–62,25) influenciaram na redução da sobrevida hospitalar. Já dos pacientes com ICA, 72 (39,3%) deles apresentaram SCR1, e 33 (16,6%) evoluíram com Insuficiência Renal Aguda (IRA) dialítica. Identificou-se prevalência da Insuficiência Renal Crônica (IRC) (p = 0,003), hipertensão não controlada (p = 0,005), não adesão alimentar/hídrica (p = 0,043), idade avançada (p = 0,004) e elevação da PA sistólica (p= 0,021) no grupo com SCR1. Dos fatores de descompensação que contribuíram para o agravamento da ICA, apenas a não adesão alimentar/hídrica foi considerada preditora para SCR1 (p = 0,003; OR = 81.45; IC95%: 4,38 – 1513,13). Estes fatores não foram considerados preditores de letalidade intra-hospitalar, sendo apenas identificado como fator a IRA dialítica nestes pacientes (p = 0,010; OR = 15,5; IC95%: 1,93 – 124,35). Conclusões: As análises feitas com indivíduos diagnosticados com as doenças cardiovasculares estudadas (IAMCST e ICA/SCR1), e fatores sociodemográficos e clínicos, forneceram resultados relevantes para a compreensão epidemiológica do comportamento das doenças no segmento populacional da Amazônia Orinetal. O que pode contribuir para gerar evidências, basear e fortalecer políticas públicas, reestruturar estratégias para a execução de serviços de saúde e promover assistência cardiológica de qualidade.