ASSOCIAÇÃO ENTRE ASPECTOS NUTRICIONAIS E ANEMIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM MALARIA VIVAX NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.
Malária Vivax, Estado Nutricional, Consumo Alimentar e Anemia
A malária é uma das principais doenças infecciosas que pode levar a morte, acometendo, principalmente, crianças menores de cinco anos de idade. Entretanto crianças maiores e adolescentes de áreas endêmicas também podem apresentar complicações que merecem atenção do sistema de saúde. A nutrição, além da função fisiológica, desempenha um papel importante na recuperação do indivíduo infectado por malária. Assim, o presente estudo tem por objetivo estudar os aspectos nutricionais e hematológicos de crianças e adolescentes diagnosticados com malária por Plasmodium vivax no município de Anajás do Estado do Pará. Metodologia: Estudo epidemiológico transversal analítico realizado durante o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2016 com crianças e adolescentes, divididos em dois grupos: grupo 1 “com malária” e grupo 2 “sem malária”. Os dados sociodemográficos e epidemiológicos foram registrados em protocolo de pesquisa semiestruturado. Foram coletado dados de antropometria, peso em kg e altura em m, e de consumo alimentar por meio do Questionário de Frequência de Alimentos (QFA), a coleta sanguínea ocorreu após um período de 12 horas em jejum. Os dados foram analisados nos programas WHO AnthroPlus, versão 1.0.3, Epi Info 3.5.1. e Bio Estat 5.0. O nível de significância aceito foi de p<0,05. Resultados: Participaram do presente estudo 144 indivíduos, sendo 66,67% crianças e 33,33% adolescentes. Do total, 69 pacientes foram diagnosticados com malária e 75 eram do grupo 2. As responsáveis pelos participantes eram as mães (87,50%) com média de idade de 31,16 anos (±7,62). Foi encontrada alta porcentagem de mães analfabetas (17,39%) entre os pacientes infectados, com p <0,0001entre os dois grupos. Também foi encontrada diferença estatística (p <0,0001) entre a situação de emprego, apesar de a maioria dos responsáveis do grupo 1 e 2 declararem-se “do lar”, 81,16% e 42,67% respectivamente, houve um percentual de 41,33% de empregado/aposentado para o grupo 2, ressaltando que 72,46% do grupo 1 possuíam Renda Familiar menor que um salário mínimo, sendo que 88,41% recebiam o benefício do Bolsa Família. Mais da metade dos pacientes com malária já haviam apresentado quatro ou mais episódios de malária (p<0,0001), estando o nível de parasitemia entre 501-10.000 mm3. Com relação ao estado nutricional, verificou-se que 17,71% do total de crianças estavam com estatura baixa para idade, sendo 18,60% do grupo 1 e 16,98% do grupo 2 e para os adolescentes a baixa estatura foi presente em 19,23% e 4,55%, respectivamente para os grupos 1 e 2. O Índice de Massa Corporal-para-Idade evidenciou uma alta frequência de excesso de peso para o grupo 2, tanto para crianças (20,75%) quanto para adolescentes (22,73%), sem diferença estatística. A média geral de hemoglobina foi 11,37 (±1,63) g/dL para o grupo “com malária” e 12,20 (±1,30) g/dL para o segundo grupo (p= 0,0011), também com diferença estatística significativa crianças (p= 0,0116) e adolescentes (p= 0,0028) dos dois grupos. Do grupo “com malária” 50,72% estavam com anemia, destes 74,29% do tipo moderada e para o grupo “sem malária” 20,00%, sendo 60,00% do tipo leve (p= 0,0002).