OS TRABALHADORES DE PLATAFORMA: A ATUAÇÃO DO SINDICATO DE MOTORISTAS DE APLICATIVO DO ESTADO DO PARÁ- SINDTAPP
Capitalismo flexível. Uberização. Trabalho de plataforma. Precarização. Sindicato.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a atuação do Sindicato de Motoristas de Aplicativo do Estado do Pará – Sindtapp, buscando compreender as formas de reivindicações a favor de melhores condições de trabalho junto às empresas de plataforma. A realidade desta forma de trabalho se relaciona e é consequência da economia de plataforma, um modo multidimensional que atua por meio de diversos âmbitos de produção e distribuição de serviços, ligado ao modo e a lógica de produção do modelo capitalista. Assim, a Uberização do trabalho como parte deste mesmo contexto, demonstra em modalidades de trabalho como a Uber se utiliza de estratégias que comprometem valores como a autonomia do trabalhador para o controle de seus tempos e modo de organizar o trabalho. O que destacamos deste texto de qualificação para a dissertação, é que as mudanças no mundo do trabalho têm alterado a articulação de luta dos trabalhadores a respeito de suas demandas, reivindicações e planos de ação, sofrendo variações em sua organização. A revisão da literatura consistiu em levantamento bibliográfico, análise jornalística, entrevistas e observações sistemáticas. Considerando que este trabalho é um estudo qualitativo, foi elaborado roteiro semiestruturado para aplicação das entrevistas. Durante o período de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, realizei entrevistas piloto a fim de testar o instrumento de entrevistas. Em setembro de 2020 realizei entrevistas com os dirigentes do Sindtapp. Foram entrevistados, ao todo, 11 (onze) trabalhadores, dos quais 3 (três) são dirigentes de sindicato. Os trabalhadores entrevistados foram contatados por meio de informante chave a partir do qual recorri à técnica bola de neve. Os achados da pesquisa apontam para questões presentes na bibliografia sobre trabalho de plataforma relacionadas às condições dos motoristas de aplicativo que estão submetidos a instabilidade no trabalho, a ausência de vínculos contratuais, a impossibilidade de construir planejamento orçamentário, extensas jornadas de trabalho, baixa remuneração. Toda essa insegurança laboral faz parte de um conjunto de fatores constitutivos do que passamos a chamar de processo de precarização do trabalho. O que a bibliografia pouco explora é sobre as formas de organização e atuação dos trabalhadores para reivindicar melhores condições de trabalho, sendo esses os dados que tentamos explorar nesse material.