Pelos olhos de Irene – deslindando Lindanor (“A ‘grande Dama’ paraense da literatura”)
Lindanor Celina – Gênero – Literatura
Penso a pesquisa agora realizada no doutorado, como um segundo momento do projeto político que tenho me proposto a desenvolver, que consiste em estudar/pesquisar sobre a vida e/ou obra de escritoras paraenses. Nesta pesquisa viso buscar identificar através da linguagem, como Lindanor Celina Coelho de Miranda Casha – professora, mãe, atriz, jornalista, funcionária pública, escritora e uma “viajante”, como ela própria se definia – constrói simbolicamente, grafados “concretamente” na sua escrita, as imagens do feminino produzidas, entre outros, nos romances: Menina Que Vem de Itaiara (1963), Estradas Do Tempo-Foi (1971) e Eram Seis Assinalados (1994). Uma trilogia na qual a narrativa é marcada pela memória, pelos condicionamentos sociais, econômicos e religiosos em que a assimetria de gênero está presente o tempo todo, revelada, registrada, interpretada por Lindanor, ao longo de seus textos. Para tanto, fazendo uso da lente dos Estudos de Gênero realizo tenho realizado a leitura sócio antropológica da trilogia, o que tem me possibilitado identificar a complexidade do processo de transição da mulher do espaço doméstico para o público, a partir da trajetória da personagem Irene, que é a protagonista e ao mesmo tempo o ‘elo’ que une os três romances. A trajetória particular de Irene, que ‘encarna’ elementos autobiograficamente da própria trajetória da escritora, permitindo, de certo modo, compreender os desafios do seu tempo que são expressados nas ideias e visões de mundo que Lindanor reconstrói, enquanto pano de fundo, um cenário da vida amazônica registrada nos diferentes quadros da vida interiorana dos paraenses, principalmente no primeiro romance – Meninas Que Vem de Itaiara. Devo dizer que esse não será um estudo sobre o gênero literário romance e seus traços estilísticos. Embora tais elementos contribuam na contextualização histórica da trilogia.