Manas
Mulheres negras construindo o Movimento Hip Hop em Belém do Pará
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O Movimento Hip Hop de Belém do Pará está passando por um processo de mudanças provocado pelas mulheres, as manas, que levam para dentro dele o Movimento Feminista Negro e deixando que um atravesse o outro conseguem construir um Movimento Hip Hop com um novo olhar, com um novo entendimento do que vem a ser a participação feminina e feminista dentro dele. As manas discutem a maneira como os manos estão negando a elas o seu espaço de direito por serem também artistas que pensam e produzem o movimento tanto quanto eles. Então, elas chegam e questionam o que para eles já estava posto e imutável, como por exemplo o fato de serem tratadas como “a mina do cara”. As manas discutem qual o lugar dos seus filhos e filhas nesse movimento, afinal muitas são mães e precisam contar com a ajuda de suas mães para que cuidem deles e delas. O Feminismo Negro possibilita as manas produzirem um movimento artístico complexo e criativo, com poesias, artesanato, grafite, dança, músicas, livros, produção audiovisual, fotografias, onde se empoderam de seu espaço, de seu lugar de fala, arte que denuncia a violência doméstica e a violência contra a juventude negra na periferia. A aproximação dessa temática tão delicada aconteceu de forma lenta, exigindo um ouvir atento a todas as questões colocadas pelas manas, a partir da observação cuidadosa em cada evento organizado por elas, em cada divulgação, em cada postagem nas redes sociais, buscando de dentro conhecer e perceber a maneira como a relação entre as manas e os manos se dava e como se relacionavam com sua arte. Neste estudo, a fotografia foi utilizada como mais uma forma de interpretar o campo e escrever o que foi observado. A fotografia é tomada como um texto que pode mostrar o que o texto escrito não consegue dizer. O Movimento Hip Hop atravessado pelo Feminismo Negro faz entender que ao mesmo tempo em que o machismo dos manos fecha o Hip Hop ao alcance das manas, possibilita a abertura de caminhos que leva as levam a usar do próprio Hip Hop para que questionem o posicionamento dos manos e consigam dizer o que querem.