CONVERSÃO DE MULHERES AO ISLÃ NA PROVÍNCIA DE LUANDA (ANGOLA)
BELÉM-PARÁ
2017
Conversão Religiosa. Islã. Angola. Muçulmanas Convertidas.
A presente tese procura compreender o fenômeno da conversão ao islã entre mulheres angolanas na província de Luanda, Angola, através de observação participante e entrevistas, onde procurei resgatar suas trajetórias de vida e conversão. A partir da compreensão de que conversão religiosa não é evento único, mas mudança cultural, processual, que implica aprendizagem/internalização de outra perspectiva de mundo e do sagrado, além de socialização em um novo grupo, pretendi compreender o porquê da opção das mulheres pelo islã, haja vista que o campo religioso angolano é majoritariamente cristão, o cenário sociopolítico é desfavorável à religião muçulmana e seus fiéis e as lideranças muçulmanas ainda não obtiveram o reconhecimento jurídico, critério para que uma confissão religiosa possa desenvolver suas atividades dentro da legalidade. A hipótese defendida é a de que quando mulheres se convertem ao islã, religião aparentemente distante da matriz cultural angolana e lusófona, passam a ocupar posição entre dois mundos, reconfigurando suas identidades e tendo dificuldades para serem vistas e aceitas como angolanas, principalmente quando adotam práticas de modéstia como o uso do hijab. Os resultados mostraram a importância da afetividade (muitas vezes associada à homens muçulmanos) no processo de conversão e que as convertidas lutam contra estereótipos e, em muitos casos, vivenciam situações de conflito na família e no trabalho. Algumas convertidas procuram conciliar suas realidades com o ideário islâmico sobre a “mulher muçulmana”, gerenciando suas vidas cotidianas a partir de interpretações dos textos canônicos que lhes conferem maior empoderamento.