O “ir” para o assalariamento na agroindústria do dendê e o “voltar” para a comunidade quilombola: o caso de Santo Antônio em Concórdia do Pará
Quilombola. Trabalho Assalariado. Dendeicultura.
O desenvolvimento acelerado do capitalismo por meio das indústrias de produção de óleo de palma na Amazônia implica não só a transformação do meio natural, como também sua expansão possibilita a exploração dos moradores de comunidades quilombolas que com sua força-de-trabalho, criaram um novo elemento até então desconhecido para eles: o assalariado rural. Com este trabalho busco visualizar estas situações. A pesquisa que resultou nesta dissertação foi realizada na comunidade quilombola Santo Antonio localizada no município de Concordia do Pará, no Nordeste paraense que tem, como outras comunidades na Amazônia, a característica de estar localizada nas adjacências dos espaços de cultivo de dendê (Elaeis guineenses), e fornecer mão-de-obra assalariada para a empresa Biopalma, responsável pela produção de óleo de palma. O trabalho de campo revelou que o processo de ir trabalhar como assalariado na grande plantação de dendê desencadeou uma série de transformações negativas na vida dos quilombolas assalariados, fazendo-os retornar às suas atividades anteriores, entre as quais, a agricultura familiar. Em certa medida, este trabalho pretende contribuir para se pensar além do imediato, da financeirização do meio ambiente, mostrando que é possível romper com o modelo desenvolvimentista imposto pela monocultura do dendê no mundo rural amazônico.