Ação Pública, consórcio e rede de relações sociais, econômicas e políticas na construção de um Grande Projeto de Infraestrutura, o caso de Belo Monte - Pará
Grande Projeto de Infraestrutura, o caso de Belo Monte - Pará
Esta pesquisa está centrada na questão da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Estado do Pará, Amazônia brasileira, mais especificamente no que tange às discussões sobre as relações entre empresas num território ocupado. Nesse sentido, trabalhamos com a concepção de ação pública (LASCOUMES e LE GALÈS, 2012), destacando o conjunto das interações entre os diversos atores que participam desde a construção, a implementação e o monitoramento até a avaliação, em seus mais variados níveis. Nessa direção, destaca-se o conceito de instrumentos da ação pública, dos mesmos autores, território (LITLLE, 2002; PORTO-GONÇALVES, 2006, TEISSERENC, 2010), Estado (MARQUES, 1997 e EVANS, 1993), poder (CABALLERO-ARIAS, 2007; SARDAN, 1995; RIBEIRO, 1992; FOUCAULT, 2008; DINIZ, 2007 e 2013) e redes (MARQUES, 2000; BOLTANSKI E CHIAPELLO, 2009; GRANOVETTER, 2009). Nossa pesquisa se concentra nos principais consórcios que estão envolvidos na construção de Belo Monte: Norte Energia, CCBM, CMBM e a ELM (compras das turbinas). Interessa-nos, portanto, perceber as relações e como se mantêm esses consórcios, mostrando, através de ações pontuais, os impactos no território ocupado. Podemos perceber, inicialmente, o papel decisivo do governo para formatação do Consórcio Norte Energia e CCBM, das relações entre o Estado e as empreiteiras (CAMARGOS, 1993; CAMPOS, 2014) e o monopólio de um grupo de empresas nas ações públicas barrageiras, nos diversos setores: consultoria, construção civil, material elétrico.